Exportações do primeiro semestre atingem a marca de 38,5 milhões toneladas, quase 75% disso vai para os chineses
Daniel Popov, de São Paulo
Os chineses seguem ajudando o Brasil a quebrar todos os recordes nas suas exportações de soja. No primeiro semestre deste ano, o país vendeu ao todo mais de 38,5 milhões de toneladas do cereal, sendo quase 75% deste montante só para os orientais. No ano passado, no mesmo período, a sojicultura brasileira havia registrado embarques totais de 32,2 milhões de toneladas, com 76% de participação da China.
O resultado foi alcançado mesmo com uma redução de 21% nas exportações totais da oleaginosa no mês de junho, se comparado ao mesmo mês do ano passado, o país vendeu 9,8 milhões de toneladas. Quando as vendas de junho são comparadas ao mês de maio, a queda é ainda mais acentuada, 23%, já que as vendas ao exterior, no período, foram as mais altas da história.
Analistas do setor acreditam que esse grande interesse da China na soja brasileira, é uma prova do descontentamento do país com o Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico, liderado pelos Estados Unidos. O próprio presidente Barack Obama, afirmou algumas vezes que o acordo também daria vantagem ao bloco sobre outras economias líderes, especialmente sobre a China. Coincidência ou não, as compras chinesas de soja dos Estados Unidos não apresentaram variações da safra anterior para esta.
O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) Sérgio Castanho Teixeira Mendes, preferiu não comentar sobre o descontentamento dos chineses com os americanos, mas concordou que as recentes compras da China parecem reforçar o estreitamento da relação com o Brasil. “A China tem visto no Brasil um parceiro comercial importante e consistente”, conta Mendes.
A expectativa do diretor da Anec é que o Brasil fechará o ano com 57 milhões de toneladas embarcadas ao exterior, valor 4% superior aos 54,3 milhões de toneladas de 2015. “Mantivemos nossa perspectiva para exportações de soja, considerando que o dólar perderá força e favorecerá as vendas do Brasil”, reiterou Mendes. “Entretanto, o país já está chegando ao seu limite de embarques.”
Já a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), acredita em uma queda nas exportações totais de aproximadamente 1%. “Com os estoques de passagem menores e o consumo interno brasileiro maior, a perspectiva é que o país tente recuperar uma parte do estoque”, conta Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove.