O dólar comercial abriu a sessão desta segunda-feira, dia 20, com queda. Depois de fechar a R$ 4,10, a moeda norte-americana devolve parte do movimento de valorização observado na semana passada por causa da tensão crescente entre o Planalto e o Congresso. O receio dos investidores é de que esse cenário político no Brasil prolongue ou dificulte a tramitação da reforma da Previdência, com potenciais efeitos nocivos para a economia, fato que deve manter o dólar acima dos R$ 4 nos próximos dias, segundo analistas.
Essa queda do dólar acontece por conta do anúncio feito pelo Banco Central na semana passada, de que fará até a quarta-feira leilões de venda de dólar com compromisso de recompra de até US$ 1,25 bilhão por dia. Por volta das 9h15 de Brasília, o dólar comercial caía 0,31% no pregão à vista, a R$ 4,089 para a venda, enquanto o contrato futuro da moeda com vencimento em junho tinha queda de 0,26%, a R$ 4,095.
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“O acirramento da queda de braço entre o Executivo e Legislativo na busca pelo protagonismo na reforma da Previdência deverá potencializar as incertezas junto aos investidores, com repercussão direta sobre a precificação dos ativos domésticos”, disse a Correparti em nota.
O relatório da corretora menciona ainda sinais de que a comissão especial da reforma da Previdência fará alterações no projeto original enviado ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Correparti, isso evidencia o desgaste no relacionamento entre as duas casas. “O novo movimento exigirá mais tempo, implicando no atraso das discussões na comissão e consequentemente na aprovação do texto final”, acrescentou.
Reforma da Previdência
Até o momento, sabe-se que o centrão, bloco político informal que detém a maioria dos assentos no Congresso, quer remover da reforma da Previdência algumas das medidas propostas pelo governo, entre elas alterações feitas à aposentadoria rural e ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Isso diminuiria a economia gerada pela reforma entre 2020 e 2029 para R$ 940 bilhões. O plano original possui uma potência fiscal estimada em R$ 1,236 trilhão.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve se reunir nesta segunda às 14h com o relator da reforma da Previdência na comissão especial, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Na sexta-feira, 17, Moreira disse que “não é hora de buscar protagonismo. É hora de ter unidade em torno da reforma da Previdência”.