? Por que o setor automobilístico está sendo tão ajudado pelo governo, quando há muitos setores que precisam? ? questionou.
Para ele, para evitar uma forte desaceleração da economia, é preciso melhorar o spread (diferença entre as taxas pagas pelos bancos para adquirir recursos e as que cobram dos clientes) bancário no crédito para as famílias de maneira geral.
? As famílias consomem, parcelam suas compras, e as taxas de juros na ponta do crédito já são muito elevadas. Então, o governo precisa criar um mecanismo para que as taxas de juros na ponta do crédito continuassem nos parâmetros do ano passado, não teríamos um processo de desaceleração econômica tão forte como teremos ? afirmou.
Araújo disse que os bancos ainda não reduziram o spread, por causa da interdependência entre eles e o governo, na medida em que a dívida pública é financiada pelos bancos, explicou.
? O governo depende dos bancos.
Ele sugere também o aumento da concorrência no setor, com a permissão para que bancos estrangeiros se instalem no país.
? O sistema financeiro tem hoje no Brasil um poder gigantesco e pratica as taxas que bem quer ? diz Araújo.
Para ele, o Congresso Nacional deveria votar leis regulamentando o sistema financeiro e proibindo os bancos de praticar spreads tão elevados. Araújo afirmou que o spread bancário no Brasil é “imoral”, porque “não é possível a taxa do cheque especial estar em torno de 9% ao mês, quando a taxa de juros nos Estados Unidos é de 1% ao ano”.
? Então, o consumidor acaba sendo afetado ? acrescenta.
O professor considera um equívoco recomendar que as pessoas continuem a consumir para que a economia não desaqueça. Em vez disso, conforme ele, o governo deveria aconselhar que todos poupassem dinheiro.
? O recado ao cidadão brasileiro é que consuma menos e guarde suas economias para os meses mais difíceis. [Que] pague suas dívidas primeiro, seus impostos. E, como o início do ano vêm as mensalidades e o material escolar para os filhos, que tenha parcimônia, porque meses difíceis virão ? recomenda.
Para o Brasil, 2009 será um ano mais difícil do que 2008, disse o professor. Ele ressaltou, no entanto, que os efeitos da crise externa no Brasil não serão tão fortes quanto nos países em que ela teve origem.
? Se o governo pretende que o consumo das famílias se mantenha no patamar de 2007, precisará conversar com os bancos para que não pratiquem taxas tão elevadas como as atuais ? ressalta Araújo.