Agronegócio

Coronavírus: ‘Não podemos colocar uma corrente na porteira e ir embora’

Em documento, o PHD e médico veterinário Júlio Barcellos ressalta que após o mundo superar a doença, a população voltará a demandar ainda mais alimentos para comemorar o momento

agricultura
Foto: Ministério da Agricultura

Um artigo publicado pelo PHD, médico veterinário e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Júlio Barcellos, chamou a atenção do setor agropecuário por fazer uma análise interessante sobre o novo coronavírus e o setor produtivo. No documento chamado de “Uma opinião sobre uma pandemia e seus efeitos no meio rural”, o especialista começa falando sobre a guerra parcialmente perdida que a doença colocou a humanidade, como todo seu poder de informação, conhecimento, tecnologia bélico. “Isolar um país, é algo sem precedentes, produzir toque de recolher, confinar pessoas, ‘sem dar um tiro’, na era da modernidade, quando falamos em internet das coisas, parece ser muito bizarro”, diz.

Ele ressalta que no agro, mesmo em locais de pequenas criações, como o de um produtor familiar ou até mesmo o grande, há um fluxo quase migratório de pessoas entre o campo e a cidade.“Então, temos um fluxo da fonte do inimigo para o lugar sadio, ingênuo e, muitas vezes insólito. Como evitar que o inimigo chegue nesta última fronteira da inocuidade?”, questiona.

Em resposta, ele comenta a dificuldade que o setor produtivo tem em simplesmente fechar as portas, como acontece em parte das grandes cidades. “Uma atividade ou empreendimento urbano fecha-se, põem um cadeado e migramos para a reclusão completa, a famosa ‘quarententa’, e adeus expansão do inimigo e de suas vítimas. No campo, sim, é diferente. Não podemos colocar uma corrente na porteira e ir embora, até porque iríamos ao encontro do inimigo”, enfatiza Barcellos.

No campo, diz o PHD, existe uma criação de animais, que precisa cuidados diários, segue um ciclo biológico que não para. “Não posso dizer à vaca ou ao seu terneiro, no dia primeiro de abril, cada um de vocês vai para seu lado, é o desmame. Preciso de pessoas, de tecnologia, de uma fábrica funcionando a céu aberto. (…) A cidade seguirá se alimentando e o campo precisa abastecê-la”.

Ele finaliza dizendo que mesmo com toda a situação, a população seguirá se alimentando, inclusive os chineses. “Ela [China] está finalizando a guerra e passado o evento, voltará a comer, confraternizar e comemorar a batalha vencida. Portanto, comer muito. Isso ocorrerá em cada lugar que a guerra for vencida e ela será”, completa.

Confira o artigo na íntegra: