A safra brasileira de soja 2022/23 driblou o clima ruim no Rio Grande do Sul, cuja produção está estimada em 15 milhões de toneladas, e tem avançado significativamente conforme os trabalhos de colheita indicam produtividades excelentes e até mesmo recordes. É o que indica a consultoria StoneX em relatório divulgado nesta semana.
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“A produção de soja pode atingir 157,7 milhões de toneladas, o que tende a resultar em um balanço de oferta e demanda mais folgado neste ano”, indicou a especialista da StoneX, Ana Luiza Lodi, na revisão de abril do grupo. O número divulgado é 3 milhões acima do que havia sido estimado no mês anterior.
O relatório apontou aumentos da produtividade média em vários estados, como os do Centro-Oeste, do Matopiba, São Paulo e Paraná, além de ajustes positivos de área plantada. Dessa forma, segundo a consultoria, há o total do Brasil para 44,17 milhões de hectares.
“Com a produção recorde, os estoques finais ainda ficariam em 9 milhões de toneladas” — Ana Luiza Lodi
Mesmo assim, como a produção mundial é muito concentrada, o mercado especula o quanto de soja a Argentina importará do Brasil, diante das perdas enormes esperadas no país. Com isso, as exportações brasileiras estão estimadas pela StoneX em 96 milhões de toneladas, e o consumo doméstico em 54 milhões. “Caso essa demanda se confirme, com a produção recorde, os estoques finais ainda ficariam em 9 milhões de toneladas”, explica Ana Luiza.
Além da soja: oferta de milho tem potencial para recorde
A produção total brasileira de milho 2022/23 foi revisada para 131,34 milhões de toneladas pela StoneX (considerando as três safras), um recorde para o país. O número leva em consideração os ajustes positivos na safra verão e uma leve queda no “safrinha”.
No caso da safra de verão de milho 2022/23, a StoneX elevou sua estimativa de produção para 28,6 milhões de toneladas, um aumento de 3,8% em relação ao seu relatório de março.
Nos estados do Sul, a colheita está em sua reta final e foi possível observar produtividades maiores do que as previamente esperadas no Paraná e Santa Catarina. Em São Paulo, apesar da redução na área plantada, a expectativa de maior produtividade resultou em uma oferta mais robusta no estado.
Já no Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, o bom volume de chuvas ao longo das últimas semanas melhorou as condições hídricas das lavouras, resultando em expectativas mais favoráveis para a produção na região.
Em relação à segunda safra 2022/23, houve pequena retração de 0,3%, para 100,54 milhões de toneladas. “Grande parte da contração observada pode ser atribuída ao corte realizado no Paraná, onde o atraso no plantio deverá resultar em uma área e produtividade média menores que as esperadas anteriormente, com a janela da semeadura sendo ultrapassada”, explicou o analista de inteligência de mercado da StoneX, João Pedro Lopes.
O grupo também revisou para baixo a área plantada de Minas Gerais, motivado pelo receio com o clima e a expectativa menos favorável para os estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, que tiveram o plantio prejudicado pelo excesso de umidade. A queda não foi maior em função de perspectivas mais favoráveis para Mato Grosso, São Paulo e Pará.
No que diz respeito à demanda, existem alguns fatores que devem estimular a procura internacional pelo grão do Brasil, considerando os problemas enfrentados pela safra argentina, a imprevisibilidade ligada aos embarques ucranianos e o acordo para exportação do milho brasileiro para a China.
Com isso, a StoneX aumentou novamente sua estimativa de exportação para a temporada 2022/23, em 1 milhão de toneladas, para 48 milhões. Em meio às alterações realizadas, os estoques finais recuaram para 13,83 milhões de toneladas, o que representa uma relação estoque/uso de 10,7%.
Editado por: Anderson Scardoelli.
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