Aliança da Soja

Melhoramento genético faz soja caminhar rumo à sustentabilidade, diz chefe da Esalq-USP

Com o trabalho em laboratório, é possível aumentar teor de óleo, de vida útil de prateleira e incorporar resistência a determinadas doenças

O melhoramento genético é responsável por grande parte do crescimento da soja no Brasil, mas também faz a diferença em outras plantas, desde as anuais às perenes.

De acordo com o engenheiro agrônomo e chefe do Departamento de Genética da Esalq-USP, José Baldin Pinheiro, com a seleção genética altera-se a frequência dos genes que conferem as características de interesse, seja para aumento de óleo, de vida útil de prateleira de um produto ou incorporação de resistência a determinada doença.

“A introdução da soja no Brasil central só foi possível com a inclusão de alguns genes que tivessem adaptação a essas situações. O melhoramento genético também contribuiu para a incorporação de genes de resistência à ferrugem asiática“, explica.

Desta forma, Pinheiro lembra que o trabalho em laboratório feito nas sementes foi essencial para que o país tivesse variedades adaptáveis a diferentes regiões, do Sul ao Norte. “É preciso separar genótipos para o melhor aproveitamento por parte dos agricultores em suas regiões de cultivo”.

Anos de pesquisa

Para se obter cultivares com perfis ideais a cada tipo de solo, bioma, clima e resistência a doenças, anos de trabalho são necessários. “Um programa [de pesquisa] rápido, acelerado e agressivo consegue gerar uma nova variedade para uma cultura anual como a soja em torno de sete anos“, afirma.

Contudo, o engenheiro lembra que muitas etapas são necessárias neste processo, desde a escolha dos genitores, chamados de pais e que são utilizados para fazer combinações e desenvolvimento de uma população, bem como a seleção ao longo do tempo e, posteriormente, os testes nos locais de cultivo.

Soja e sustentabilidade

semente
Foto: RRRufino/ Embrapa

Processos que impactem menos o meio ambiente e sejam socialmente justos e economicamente viáveis são uma demanda da sociedade, conforme Pinheiro. “Hoje temos de buscar uma matriz produtiva mais equilibrada e sustentável […]. Buscamos plantas mais eficientes na utilização de nutrientes e mais resistentes aos estresses biótipos e abiótipos, com melhores valores proteicos, teor de óleo e assim por diante. A soja tem caminhado em direção a essa produção mais sustentável“, conclui.