Aliança da Soja

'Produtor de soja já deve estar atento ao manejo de plantas guaxas'

Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná ainda explica porque Mato Grosso costuma ter menor incidência de ferrugem asiática, mesmo sendo o maior produtor da oleaginosa

Na safra 2021/22 de soja, foram registrados 377 casos de ferrugem asiática no Brasil, de acordo com o Consórcio Antiferrugem. Dependendo da gravidade e infestação da doença na cultura, a queda de produtividade pode chegar a 90%.

“Existem diversos estudos que mostram que a cada 1% de severidade, se tem um dano de 0,7% na produtividade”, detalha o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFP), Daniel Debona.

Segundo ele, como a maioria das regiões está no período de entressafra, é fundamental que o produtor faça o manejo de guaxas, uma vez que o fungo apenas sobrevive em plantas vivas. “Boa parte dos estados inicia o período de vazio sanitário no próximo mês e é importante fazer esse controle na entressafra”.

O professor destaca, também, que o início antecipado da semeadura – desde que obedecida a recomendação do calendário de plantio – associado à escolha de cultivares precoces é outra ação fundamental no combate à doença.

“No entanto, o manejo com fungicidas é, sem dúvida, a principal estratégia, mas o produtor precisa estar atento com relação à escolha dos produtos, o seu posicionamento. O fungo tem evoluído para resistência aos principais grupos químicos de fungicidas, então é importante que o produtor esteja atento e faça uso de multissítios para minimizar esse problema, além de se atentar à questão da resistência genética”, exemplifica.

Debona lembra, ainda, que o fungo da ferrugem consegue se deslocar com grande abrangência. “Existem estudos que indicam que o fungo se dissemina a uma velocidade de até 500 quilômetros por semana, se disseminando facilmente pelo vento. Então o inóculo começa na Bolívia, passa pelo Paraguai e chega ao Brasil”, afirma.

Mesmo Mato Grosso sendo o principal produtor de soja do Brasil desde a safra 1998/99, na série histórica o estado se mantém abaixo de Paraná e Rio Grande do Sul em número de ocorrências de ferrugem. Para o professor, isso acontece porque a semeadura no estado é bastante antecipada. “Conforme vai evoluindo o ciclo da cultura, vão sendo identificados focos e vai aumentando a intensidade da doença. Então as semeaduras mais tardias são as mais afetadas porque o inóculo multiplica nos primeiros cultivos e, consequentemente, a pressão de inóculos para os cultivos posteriores é maior. Por isso, vemos uma intensidade maior na região Sul, principalmente no Rio Grande do Sul”, explica.

chuva ferrugem soja