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Custo de produção suína e avícola no RS deve disparar com escassez de ração

A produção de frangos e ovos responde por 11% do Valor Bruto da Produção (VBP) no Rio Grande do Sul, o que representa mais de R$ 12 bilhões. No mercado de suínos, essa fatia é de 6%, o equivalente a R$ 6 bilhões.

Essas atividades são dependentes da produção de grãos que servem de alimento aos animais. Muitas granjas perderam a ração armazenada e tiveram que apelar para a racionalização.

Setor produtivo: enchentes impactam matéria-prima de ração e prejudicam produção de proteína animal

Em uma propriedade em Encantado, no Vale do Taquari, mais de duas mil matrizes foram afetadas.

“Tem outras perdas que são imensuráveis, de produtividade. Como racionamos o consumo de ração, as fêmeas, para produzir leite, precisam se alimentar de forma correta e isso não aconteceu. Na gestação é a mesma coisa, então não sabemos o que vai acontecer, se vão abortar, se teremos um bom desempenho nos nascidos. É tudo muito incerto”, diz a produtora Priscila Bonfanti.

Produção ameaçada

Parte dos componentes da ração ainda estavam por colher. Na soja, são esperadas perdas menores, já que 76% da safra já estava colhida quando as enchentes começaram, conforme a Emater-RS. Contudo, no milho, haverá maior necessidade de importação do Centro-Oeste, já que o Rio Grande do Sul não é autossuficiente no grão e teve perdas em lavouras.

“Vamos colher lavouras com muitos grãos ardidos, com peso baixo, com produtividade média menor e algumas impurezas, enfim, com problemas de qualidade. Isso reduz a oferta em nível nacional, o que tende a trazer preços mais altos, o que, naturalmente, deve trazer custos mais altos ao produtor de ração que comprará o farelo de soja mais caro”, afirma o analista de mercado da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.

Perdas milionárias

Somente na produção avícola, as perdas estimadas envolvendo produção e estruturas beiram os R$ 250 milhões. Em relação aos suínos, calcula-se que ao menos 13 mil morreram.

“Quando os efeitos dessas crises interferem nas cotações, não discriminam integrados e independentes. Todos vão sentir os impactos. A gente já vem observando um aquecimento no preço do milho, o que vai impactar tanto na aquisição quanto depois no preço de venda do produto porque o custo de produção vai subir. O impacto é direto. Estamos aguardando as medidas de amparo do governo. Existem indústrias que têm condições de importar o milho do Paraguai e da Argentina”, salienta o presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.

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