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Ornitobacteriose em perus: manejo da ambiência é única forma de prevenção

Doença acomete pulmões das aves e se manifesta principalmente na transição do frio para o calor

A ornitobacteriose acomete principalmente perus entre duas e oito semanas de vida. Para prevenir a doença respiratória, o produtor deve investir em medidas para controlar a temperatura e a umidade dentro dos aviários. Por isso, profissionais do sul do país orientam sobre o manejo da ambiência. 

Temperaturas diferentes em cada fase de vida

A médica veterinária Luciane Maria Jahn visitou uma granja de terminadores e explicou que o manejo adequado é realizado por meio do controle de temperaturas específicas em cada uma das fases de vida dos perus. “Isso é necessário para que os animais possam se desenvolver bem e expressar seu próprio comportamento de maneira satisfatória. Se o manejo não obedecer às recomendações necessárias, podem surgir várias doenças durante o lote. Uma delas é a ornitobacteriose, que afeta principalmente os pulmões das aves causando uma alta mortalidade”, diz Luciane.

Ventiladores e nebulizadores

Para prevenir a ornitobacteriose e melhorar a ventilação, deve haver um número específico de ventiladores em cada galpão de acordo com o tamanho da estrutura. A regra é um ventilador para cada 65 metros quadrados, sempre dispostos em três linhas. Assim como a ventilação, a temperatura também é controlada por meio de um painel. “Além dos ventiladores, os nebulizadores têm a função de diminuir a temperatura do aviário para proporcionar melhor conforto térmico para as aves. Dessa forma, elas se sentem à vontade e conseguem alcançar o peso que desejamos”, orienta Luciane. 

Préaquecimento

Na propriedade do Mário Dietrich são criados perus de corte iniciadores. O galpão já tem que estar préaquecido antes do alojamento. “Conforme a tabela de recomendações, eu ligo o forno dois dias antes no inverno e, no verão, um dia antes do alojamento para garantir que não haja nenhum problema”, diz o produtor. “Em relação à ventilação, no início do lote são ciclos de cinco minutos: liga um minuto, desliga quatro. Conforme a idade do lote eu vou aumentando a ventilação dentro do galpão, sempre seguindo a tabela, para proporcionar um clima adequado. A luz, os dois fornos ligados para aquecimento, a nebulização, a correia que leva ração automaticamente para dentro do aviário, os ventiladores, o exaustor para climatizar o galpão, tudo está ligado no painel”, explica Mário. 

Gerador de energia elétrica

O seu Mário tem um gerador. Se por acaso houver queda de energia elétrica, em um minuto ele é acionado para assegurar que todos os motores continuem funcionando. A climatização é garantida. Conforme o produtor explicou, no início do lote a ventilação é acionada por quatro minutos e desligada durante um minuto, ou seja: nesses sessenta segundos é feita a renovação de ar. O ar entra por equipamentos chamados inlets e nesse mesmo momento é acionado o exaustor que promove a troca de ar no ambiente, fazendo assim uma boa ventilação e mantendo  qualidade da oxigenação dentro do aviário. Todas as informações sobre temperatura e umidade dentro dos aviários são registradas em planilhas.

Homogeneização do ar

Os ventiladores usados como circuladores de ar são outro recurso para melhorar a qualidade do ar dentro do aviário. A função desses equipamentos é homogeneizar o ar,  levando o ar mais quente para a frente do aviário e trazendo o ar mais frio para a parte de trás do galpão, fazendo a troca de ar. São instalados 4 ventiladores dentro do aviário. Outro mecanismo de climatização nos aviários de perus de corte iniciador é o tampão, que ajuda na  entrada de ar quando a temperatura aumenta consideravelmente. Os inlets param de funcionar e entrada de ar acontece somente pelo tampão. 

Palavra do especialista

O extensionista Vanderlei da Cruz explica que a ornitobacteriose não oferece riscos para a saúde humana. Ele diz ainda que a mortalidade entre as aves pode alcançar taxas que variam entre 5% até porcentagens extremas para um lote de perus. “A ornitobacteriose atinge os pulmões das aves. Em casos suspeitos, os produtores devem consultar extensionistas para que seja realizada uma análise em laboratório.  A doença é oportunista e só se manifesta em transições do frio para o calor quando há falhas no manejo da ambiência. É preciso investir em medidas de prevenção, priorizando medidas de biosseguridade. Não recomendados lotes com aves de idades diferentes, já que as aves adultas são mais suscetíveis às doenças e podem contaminar as mais jovens”, alerta o profissional.