Governo veta projeto de lei que proíbe pesca do tucunaré

EM SÃO PAULO

Governo veta projeto de lei que proíbe pesca do tucunaré

Mesmo com parecer contrário da Secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento, que chegou a emitir nota pública defendendo o veto, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto

O projeto de lei que proibia a captura, embarque, transporte, comercialização e processamento do tucunaré no estado de São Paulo, espécie considerada exótica à fauna paulista, foi vetado, conforme mensagem do governador em exercício de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), publicada, na quarta-feira (28), no Diário Oficial do Estado.

Mesmo com parecer contrário do Instituto de Pesca e da Secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento, que chegou a emitir nota pública defendendo o veto, a Assembleia Legislativa (Alesp) aprovou o projeto, segundo a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).

“O projeto pretendia proibir a pesca para que houvesse um aumento na população da espécie tucunaré e, com isso, favorecer o turismo e a economia local, um argumento irracional e irresponsável porque ignora o fato de que provocaria um desequilíbrio no meio ambiente”, informou em nota a presidente da APqC, Patricia Bianca Clissa.

“Uma espécie exótica introduzida em um ecossistema compete por recursos com as espécies nativas desse ecossistema, ou realiza sua predação, e pode causar a diminuição de suas populações e até mesmo levá-las à extinção”, argumentou o veterinário João Carlos de Campos Pimentel, assistente agropecuário, em parecer à Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Os pesquisadores argumentam também que, além de representar um risco ao meio ambiente, o projeto poderia causar impacto econômico em comunidades que têm a pesca como atividade de subsistência.

Ao publicar o veto, no Diário Oficial, o Estado reconhece os argumentos contrários ao projeto e diz “que a vedação à pesca da espécie alóctone Cichla spp (tucunaré) favorece a sua reprodução e manutenção nas bacias hidrográficas paulistas, em detrimento das espécies nativas, conclui-se que o projeto de lei em exame contraria o conjunto de normas protetivas ambientais”.

O veto será analisado pela Alesp.

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