Bahia

Milho não transgênico aumenta lucro e amplia mercado de agricultores no sertão da Bahia

Cooperativa do município de Irecê estimula 600 produtores a plantar variedades resistentes à seca; grão é vendido a outros cinco estados

O AnuárioCoop 2022, que reflete os dados do cooperativismo no Brasil, mostra que 19 milhões de brasileiros fazem parte de alguma associação, com 1.170 instituições apenas no setor agropecuário. Segundo o IBGE, 48% de tudo que é produzido no campo passa, em algum momento, por uma cooperativa. O trabalho das cooperativas rurais é o resultado da união de esforços e beneficiamento mútuo de produtores, o que facilita a venda de produtos, compra de insumos e capacitação.

Este é o exemplo da Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê (Copirecê), que há 50 anos vem apoiando o desenvolvimento da agricultura familiar na região de Irecê, no sertão da Bahia. Atualmente, a cooperativa estimula o plantio do milho convencional por cerca de 600 produtores.

“Nós temos aqui cerca de 100 hectares de milho plantado em duas fases. A primeira fase é um milho de 35 hectares, que é um milho plantado há exatamente 40 ou 50 dias. Nos próximos 10 dias, a gente já vai estar com esse milho em fase de floração. E nós temos cerca de 65 hectares que foi o milho plantado no início de novembro”, afirma Everaldo Dourado, diretor da Copirecê. Segundo ele, a cultura já está bem avançada na região, com a ocorrência significativa de chuvas.

Entre as variedades de milho que a cooperativa trabalha está a Gorutuba, resistente à seca. “Esse é o milho que foi desenvolvido pela Embrapa Semiárido, com o objetivo de atender à região Nordeste, onde a escassez de chuva se torna um problema sério. É uma variedade de milho muito importante, talvez o mais precoce da categoria, o milho superprecoce, que com 90 dias de nascido já tem sua fase praticamente concluída. É um milho que com quatro meses você começa a colhe”, afirma Dourado.

Milho não transgênico

O plantio do milho não transgênico representa 10% do que é cultivado em toda a região. A cooperativa chega a utilizar 140 toneladas de milho ao mês, com perspectiva de faturamento de R$ 4,5 milhões em 2023. Um aumento de 100% em relação ao resultado dos três últimos anos.

Valério Mendes é produtor associado da Copirecê há dez anos e comemora a parceria, que resulta na conquista de novos mercados para os produtores. “É vantajoso. Recebemos assistência técnica, recebemos sementes e o mais vantajoso é ter a comercialização garantida”, conta.

Os produtos são vendidos em Salvador, Feira de Santana, Juazeiro, Chapada Diamantina, no sul e extremo sul da Bahia, chegando ainda ao Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Tocantins e Pernambuco.

“Isso é um motivo de orgulho para todos nós, produtores, ver o seu produto natural, não transgênico, no meu caso, 100% orgânico na mesa do brasileiro”, pontua o agricultor.

A garantia de compra do milho produzido é um dos maiores atrativos para os produtores associados, como reforça o agricultor Célio Dourado, na cooperativa há cerca de quatro anos. “Fiquei muito satisfeito. A vantagem é que você recebe o apoio técnico e a semente, e você também vende o produto, tem a garantia de compra”, comemora.

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