Brasília

Cotonicultores brasileiros estimam aumento de 10,6% na produção

Com uma das maiores áreas plantadas da história no Brasil, 1,7 milhão de hectares, produtores podem colher mais de três milhões de toneladas na safra 22/23

Nesta sexta-feira (7), é comemorado o Dia Mundial do Algodão. A data foi criada em 2019, em Genebra, na Suíça, pela Organização Mundial do Comércio (OMC). No Brasil, hoje, a região do Cerrado representa 96% da produção da fibra no país.

A fibra é produzida em mais de 70 países, em todos os continentes, onde são plantados anualmente 32 milhões de hectares, movimentando 10 trilhões de dólares por ano. Nesse cenário, o Brasil tem peso expressivo: é o quarto maior produtor mundial, atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato, nas últimas três décadas a cotonicultura brasileira passou por uma verdadeira transformação e surpreendeu o mundo, passando da posição de segundo maior importador mundial para o segundo maior exportador de algodão.

“Nós nos organizamos e fomos buscar tecnologia, juntamente com Embrapa, universidades, fornecedores de insumos, criamos fundações de pesquisa, instituto de pesquisa, e essa somatória toda de tecnologia acabou nos dando hoje a possibilidade de ter a maior produtividade de algodão não-irrigado do mundo”, destaca Busato.

Panorama nacional

Em 2022, o valor bruto da produção do algodão é de 41 bilhões de reais. Atualmente, a fibra é a quarta cultura mais importante da agricultura brasileira, depois da soja, cana-de-açúcar e milho. De acordo com Busato, apesar do aumento nos custos de produção — sobretudo dos fertilizantes — e da preocupação com a possibilidade de uma crise global, a expectativa é de otimismo para esta temporada.

“Nós estamos indo com uma das maiores áreas da história do algodão: 1,7 milhão de hectares, que podem nos permitir uma colheita de mais de três milhões de toneladas, que é o recorde que nós tivemos em 2019”, destacou. Na safra anterior, o volume produzido foi de 2,3 milhões de toneladas, 10,6% a menos do que o total projetado para a safra 2022/23.

Ex-funcionário de uma grande empresa nacional, o produtor Carlos Alberto Moresco decidiu abandonar o emprego e iniciar o cultivo de algodão em 2007, no estado de Goiás. De lá pra cá, a propriedade cresceu, assim como o carinho dele pela cultura. “A propriedade que tem algodão é uma propriedade que se diferencia das demais. Tem um nível de controle, de gestão melhor, traz um networking no mercado com pessoas diferentes. É uma cadeia muito organizada”, diz.

Certificação

Para Moresco, que também é presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), um dos maiores motivos de orgulho dos produtores de algodão são as certificações. Uma delas é a ABR – Algodão Brasileiro Responsável. Para conquistar a certificação, o produtor precisa atender a 178 itens nos pilares social, econômico e ambiental.

“Essa certificação traz uma tranquilidade pra gente de que a gente está sendo auditado por uma auditoria independente, que a gente está conforme com a legislação do País na questão trabalhista, na questão ambiental e cumprindo nosso papel econômico e social. Isso mostra pra sociedade que você pode produzir, preservando o meio ambiente e estando em conformidade com a nossa legislação”, comemora produtor.

Para o produtor, um dos maiores desafios da cultura hoje é manter o share, nível permitido de mistura entre fibras naturais e sintéticas nos tecidos. Outro desafio apontado por ele — e que foi abraçado por todos os cotonicultores — é mostrar aos consumidores os benefícios do algodão para a sociedade e para o planeta.

“É uma fibra sustentável, é uma fibra responsável. Já a fibra sintética hoje, tu tens que olhar o contexto. É mais barato? É, mas nós temos um problema que pouco se fala, que é a contaminação das águas por micropartículas, que é um problema muito grave identificado já”, complementa.

“Segue o fio”

Para comemorar a pujança do setor, a Abrapa mobilizou cotonicultores, trabalhadores e pessoas ligadas à moda e ao setor produtivo, para celebrar o Dia Mundial do Algodão. Durante a semana, a associação, por meio do movimento Sou de Algodão, trabalha na campanha alusiva à data, o conceito “Segue o fio“, que estará presente em uma série de iniciativas para estimular o consumo da fibra. A jornalista e influenciadora Maria Prata é a personalidade da ação deste ano.