Presidente do Banco Central diz que crise econômica pode ser mais longa

Economia

Presidente do Banco Central diz que crise econômica pode ser mais longa

Durante evento virtual, Roberto Campos Neto disse que o governo está fazendo um desvio fiscal, mas com a indicação de que voltará para os trilhos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresenta a nova versão da agenda de medidas estruturais do Banco Central,
Foto: José Cruz/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nesta quarta-feira, 20, que a crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus ‘pode ser mais longa e o desvio fiscal pode ser maior’. Durante evento virtual, ele ressaltou que o governo, atualmente, está fazendo um desvio fiscal, mas com a indicação de que voltará para os trilhos.

Em função da crise, o governo federal lançou nos últimos meses uma série de programas de auxílio a famílias e empresas. Boa parte deles aumenta as despesas do Tesouro, o que prejudica o controle fiscal. No início de maio, por conta dos gastos com a crise, o Ministério da Economia estimou um rombo de R$ 601,2 bilhões para o setor público em 2020, o que equivale a 8,27% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste cenário, a dívida bruta do país pode terminar o ano em 90,8% do PIB.

“Estamos fazendo um desvio fiscal, mas indicamos que voltaremos para o trilho”, disse Campos Neto, para depois ressaltar: “A crise pode ser mais longa e o desvio fiscal pode ser maior”.

Questionado sobre qual seria o piso para a Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 3% ao ano, Campos Neto pontuou que o tema do limite da política monetária (redução dos juros básicos) é dinâmico. “Depende um pouco do que está acontecendo no mundo – tivemos uma saída de recursos (dólares, do Brasil) – e temos a parte da condição interna”, afirmou.

Segundo ele, há hoje no Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pessoas com visões diferentes sobre o limite da política monetária. Em seu último encontro, ocorrido no início de maio, o Copom reduziu a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 3% ao ano, e sinalizou a possibilidade de novo corte de até 0,75 ponto em junho.

Um dos membros do colegiado, no entanto, chegou a argumentar que não há razão para a existência de um limite para a Selic. E dois membros ponderaram que poderia ser oportuno cortar a taxa de uma só vez, já em maio. O Copom é formado por Campos Neto e por oito diretores do BC.

“Há visão diferente do mundo acadêmico puro e de quem se dedicou mais ao mercado”, afirmou, em referência aos membros do Copom. “O grande debate é se quero passar por uma desorganização para encontrar este limite. O processo de achar o equilíbrio (da Selic) tem um custo.”

O presidente do BC, ao avaliar a questão do nível de juros, afirmou que os países com dívidas maiores encerram o processo de corte de juros com taxas um pouco maiores.

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