Ligados & Integrados

Autoridades e trabalhadores unem esforços para manter o fluxo do agro

Produção e distribuição de alimentos segue normal. Decreto do governo federal garante funcionamento das atividades essenciais durante a crise.

No último sábado, 2, o governo federal publicou um decreto estabelecendo que produção, distribuição e comercialização de alimentos e bebidas são atividades essenciais e, portanto, não podem ser interrompidas durante a crise  provocada pelo coronavírus. Mesmo assim, medidas locais de municípios e Estados restringem a circulação de transportadores de cargas. Nesta terça-feira, 24, a cidade de Canarana (MT), importante produtora e exportadora de grãos, proibiu o trânsito de caminhões nas divisas.  As tradings da região tiveram que interromper os trabalhos. O processo foi aberto pelo prefeito Fábio de Farias, que propôs um prazo de dez dias para as empresas se adaptarem à determinação. 

Autoridades do agronegócio enfatizam que o setor tem totais condições de manter as atividades. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, divulgou um vídeo afirmando que  estão sendo tomadas todas as medidas para que a vigilância, a fiscalização e o elo da cadeia produtiva, da produção à exportação, não sejam interrompidas. Trabalhadores do setor enviaram vídeos ao Programa Ligados & Integrados reafirmando seu compromisso com a produção e a distribuição de alimentos. Sávio Soares, de Seara (SC), trabalha em uma granja como apanhador de animais. Ele disse que recebeu da empresa todas as instruções para se proteger.

“Dentro das vans foram colocadas garrafinhas com álcool em gel. A gente chega e higieniza as mãos, e quando saímos, é a mesma coisa. Antes de entrar no pátios do aviários a gente tira a esteira e desinfeta para não ter perigo nenhum. O mundo enfrenta um momento muito complicado, e nos sentimos honrados por estar trabalhando para colocar alimento na mesa do brasileiro. Estamos dando nosso máximo e não podemos parar”, disse Sávio.

Valdecir Piccoli, de Santo Inácio (PR), é empresário do ramo de transportes com foco no carregamento de animais para frigoríficos e também entre granjas. Ele afirmou que não encontrou impedimentos na região onde atua. “Não encontramos barreiras, mas recebemos orientações. A gente já segue um procedimento operacional, só adequamos nossa rotina profissional para dar continuidade aos trabalhos. Já tínhamos sempre álcool em gel disponível e agora orientamos os motoristas a deixarem as janelas dos veículos abertas e desinfetarem os lugares onde encostam e sentam, além de manterem uma distância mínima segura de outras pessoas. Também orientamos a monitorarem os lugares onde moram e comunicarem caso notem problemas para que possamos tomar as providências cabíveis. Se qualquer profissional do ciclo de produção parar, seria um caos. Os negócios não se manteriam e  muitas famílias ficariam sem emprego. O bom diálogo com os prestadores de serviços em um momento assim é essencial. Todos aqui estão cientes de sua importância e estão com a saúde preservada”, afirmou.

Vamiré Sens Júnior, gerente de Sustentabilidade da Seara, explicou que os colaboradores estão mais tranquilos agora, entendendo melhor a situação do país. “A nossa rotina de produção segue todas as recomendações para continuar assegurando a qualidade dos nossos produtos. Estamos mantendo o fluxo normalmente, e não enfrentamos dificuldades com a logística e o transporte dos animais”, disse. 

O presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Cargas (ANUT), Luis Baldes, declarou que os próximos quatorze dias serão cruciais para a economia. Em carta entregue ao governo federal, a entidade pede a suspensão temporária da cobrança de pedágio e de fiscalização nas rodovias durante a vigência do decreto de calamidade pública em razão da pandemia do coronavírus. Baldez defende que as medidas ajudariam a agilizar o escoamento da produção agropecuária e industrial.