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Maravalha é o melhor substrato para cama de aviários, diz veterinária

Casca de amendoim e palha de café também apresentam bons resultados, desde que fornecedores cumpram exigências de biosseguridade

A tranquilidade das aves dentro dos galpões tem a ver com a qualidade da superfície onde estão acomodadas. A cama tem que ser confortável e também funcionar como uma esponja de excretas. O manejo incorreto, então, pode colocar em risco o bem estar e a saúde do lote. Por isso, o produtor tem que ser criterioso, a começar pela escolha do material que compõe a cama. O médico-veterinário João Pedro trabalha especialmente com o tema.

“Todo aviário precisa de pelo menos dez centímetros de cama. Quanto mais espessa, melhor. Se o produtor puder investir em quinze centímetros, eu recomendo. O que diferencia a qualidade da cama é o processo a que foi submetida antes de chegar ao galpão”, afirma.

De acordo com João Pedro, o ideal é que todo substrato que compõem a cama passe por um processo térmico ainda no fornecedor para ser esterilizado e diminuir ao máximo os índices de umidade. “Assim, será possível matar qualquer tipo de patógeno que possa trazer alguma doença ou desafio zootécnico para o frango no futuro. Profissionais da indústria de alimentos realizam visitas aos fornecedores para cumprimento de checklist”, afirmou.

João Pedro ainda elenca quais são os materiais que podem ser utilizados na cama. Antes, lembra que todos apresentam resultados positivos desde que os procedimentos para manter sua qualidade sejam executados. Os substratos mais utilizados são a palha de arroz, a palha de café, a casca de amendoim e a maravalha, que é uma forração feita com aparas de madeira. 

O médico-veterinário explica que, na maioria das vezes, as beneficiadoras de arroz vendem a palha após a retirada do grão, mas há também empresas especializadas no tratamento da casca de arroz após o beneficiamento.

“Os produtores elogiam bastante o substrato de palha de arroz e dizem que mantém uma boa umidade durante o ciclo de produção, apesar de sujar um pouco os comedouros e as tacinhas dos bebedouros na fase inicial”, disse.

Já a palha de café é usada principalmente nas regiões onde há grande plantio do grão. “O manejo da palha de café antes de chegar ao galpão é muito importante, e o procedimento de secagem do café deve ser feito atingindo a temperatura adequada para eliminar todos os possíveis patógenos e a umidade da cama. Além disso, os produtores devem fazer a fermentação da cama com lona antes do alojamento”, orientou.  

Outra matéria-prima bastante utilizada como substrato para cama é a casca de amendoim, normalmente fornecida pelas empresas beneficiadoras do alimento. “A casca de amendoim passa por um tratamento térmico durante a retirada da semente. É preciso investir em uma camada um pouco maior desse substrato quando utilizado pela primeira vez no aviário, pois, com o tempo, o volume vai diminuindo. Também é uma palha muito elogiada em relação à baixa umidade”, ressaltou.

João Pedro acredita que todos os substratos apresentam pontos positivos para a avicultura, desde que a espessura seja adequada para assegurar a retenção das excretas, mantendo a baixa umidade durante todo o ciclo de produção. “Uma cama de qualidade é essencial para a manutenção da saúde dos frangos. Lembrando que calos de patas, dermatites, dermatoses e, principalmente, a proliferação de patógenos são sinônimos de prejuízos para o produtor”, finalizou.

Segundo a médica veterinária Alessandra Appel, a cama deve ser macia, seca, garantir uma boa absorção e, acima de tudo, estar livre de agentes microbiológicos contaminantes. Por isso, a orientação é sempre utilizar substratos autorizados pela equipe técnica.

“Para conduzir bem o ciclo de produção do plantel, investir em biosseguridade é essencial. De um modo geral, as camas têm uma boa absorção, mas a casca de arroz tem um desempenho inferior aos demais substratos. A maravalha passa por um tratamento térmico e é submetida a altíssimas temperaturas antes de chegar à granja. Por isso, a maioria das nossas unidades integradas trabalham hoje com esse substrato, que assegura uma cama de qualidade e é um ótimo absorvente das excretas e da umidade da granja. Recomendamos fazer a fermentação da cama nos intervalos entre os lotes, trabalhar entre um ano e um ano e meio com a mesma cama, evitar reposição e evitar também mesclar fornecedores. Se a cama não apresentar um bom desempenho, ela deve ser removida e descartada”, orientou Alessandra.