Ligados & Integrados

Pesquisadores e indústria estudam alternativas para alimentação de suínos

A alimentação representa o maior custo da suinocultura. Alunos da Esalq e indústria pesquisam alternativas mais econômicas e nutritivas

O Ligados & Integrados foi até a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo em Piracicaba, para conversar com doutorandos que pesquisam alternativas mais econômicas e nutritivas de alimentação para suínos. Além disso, recebemos no estúdio o nutricionista animal Keysuki Muramatsu, que falou sobre os investimentos da indústria em pesquisas que objetivam tornar a alimentação mais eficiente, sustentável e econômica. 

A tese do doutorando Vinícius de Paula defende o aproveitamento do resíduo da produção do etanol de milho na suinocultura. “Pesquiso qual é o perfil nutricional, qual é a composição química desse coproduto e quanto os suínos conseguem aproveitar dele”, explicou.  Já a doutoranda Natália Cristina Milani faz avaliações do processo de extrusão sobre o grão de soja e o farelo de soja branca, que é o farelo de soja antes da tostagem. “Ele é um ingrediente protéico e muito energético. O único problema é que hoje ele apresenta muitos fatores antinutricionais. Esperamos que a extrusão possibilite  o uso desse produto para leitões”, explicou.

Os alunos tem como orientador o professor Urbano dos Santos Ruiz, que destaca a importância das etapas da pesquisa. “É importante conhecer as necessidades dos animais por nutrientes, testar para ver se o animal vai consumir realmente o produto  e avaliar a parte econômica disso. Precisamos saber se aqueles alimentos podem ser usados de maneira econômica a fim de trazer lucro para o produtor”, disse ele. A alimentação dos animais representa aproximadamente 70% dos custos totais da produção e interfere no bem-estar, na saúde e na composição da carcaça dos animais. Novas alternativas,  além dos benefícios na produção de carne, que só ajudam o produtor rural economicamente, podem trazer benefícios para o mundo, tornando o processo menos oneroso e mais sustentável. 

Pablo Valler recebeu no estúdio o nutricionista animal Keysuki Muramatsu, que destacou que a própria integradora investe em pesquisas para que a ração dos animais seja cada vez melhor. “Tradicionalmente, no Brasil, a ração é feita à base de farelo de soja e milho. Hoje em dia, com a indústria do etanol, temos a disponibilidade de coprodutos como o DDG (Dry Distillery Grain, que significa ‘grão de destilaria seco’), que podemos usar na nutrição animal. Isso já é feito em outros países”, afirmou Muramatsu. O nutricionista explicou também que nos próximos anos é necessário investir ainda mais em pesquisas de alternativas como o sorgo, o trigo e a canola, que poderiam viabilizar economicamente o preço da ração, desde que mantenham o nível de desempenho do animal. “As rações são balanceadas para diferentes nutrientes. Temos uma lista de aminoácidos necessários para a deposição muscular e o ganho de peso, além das vitaminas, microminerais e algum outro aditivo, como extrato herbal ou probiótico, para melhorar a sanidade e bem estar animal”, completou.

Para produção da ração, quando o assunto é sustentabilidade ambiental, é necessário minimizar a produção de resíduos. “Tem sempre uma parte do alimento que o animal não consegue utilizar, como a fibra alimentar, além de uma fração de proteína e  minerais que acabam não sendo assimilados. Então, um trabalho que nós temos, como nutricionistas animais, é tentar minimizar essa geração de resíduos”, finalizou.