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Suínos: quais ações de manejo e tipo de nutrição são prejudiciais?

Quando os leitões têm uma arritmia ou insuficiência cardíaca, pode ser uma doença chamada cardiomiopatia. Não acontece tanto, mas quando acontece, geralmente, é irreversível

A cardiomiopatia dilatada é uma condição que afeta o miocárdio, um músculo cardíaco, ou a parede do coração. A doença é caracterizada por dilatação ventricular. O ventrículo, para quem não lembra, é uma câmara inferior do coração.

A origem da doença é desconhecida. Em suínos, os relatos costumam ser relacionados à intoxicação alimentar com farelo de soja de baixa qualidade e, principalmente, com uma ração alternativa, feita com algodão. É que nela é usado um antibiótico à base de ionóforos ou gossipol.

“Uma dessas alternativas seria a utilização do farelo de algodão, porém é uma alternativa que traz alguns riscos. O farelo de algodão é repin gossipol. Gossipol é uma substância tóxica, que em níveis elevados pode causar cardiomiopatia dilatada em leitões”, diz Luís Henrique Gouvêa Saraiva, médico veterinário patologista e extensionista agropecuário da Emater de Minas Gerais.

A ração caracteriza um dos maiores custos de produção na suinocultura, que é a nutrição. Na tentativa de amenizar o custo, o produtor acaba buscando alternativas, ao invés de uma orientação profissional.

Cuidados com a nutrição animal

“Se usar uma soja de baixa qualidade ou de baixa solubilidade, esse animal entra em um quadro de deficiência proteica. O que também favorece a ocorrência de cardiomiopatia dilatada. Se usar um milho de baixa qualidade com alta umidade, esse milho pode estar rico em micotoxinas, que são toxinas produzidas por fungos. Principalmente, a fumonisinas, que pode acarretar a cardiomiopatia dilatada e cursar com insuficiência congestiva nos suínos”, complementou Luís.

No sistema de integração, o produtor não tem problema com a ração, porque ela é devidamente preparada. A indústria integradora analisa a ração dentro de todos os parâmetros necessários. O problema de saúde cardíaca nos suínos pode ocorrer, caso o produtor dê outro tipo de alimento para o animal, sem nenhum suporte técnico.

Ração de procedência

O extensionista orienta: “a primeira coisa que o consultor precisa é de acompanhamento de um médico veterinário, agrônomo ou zootecnista nutricionista, que dê suporte para ele. De onde ele compra os insumos para a ração. Se é ele mesmo que fabrica? Ou se ele for comprar ração pronta, que tenha ajuda técnica para saber um local onde ele pode comprar uma ração de boa procedência. E que tenha sido feita dentro dos padrões estabelecidos pela legislação. Uma ração que vai aumentar o potencial genético que o suíno já tem”.

Indícios de problema de coração

A arritmia ou insuficiência cardíaca ocorre quando o coração dilata ou quando perde força na contração.

Na cardiomiopatia dilatada o miocárdio encontra-se enfraquecido, não conseguindo bombear o sangue de forma eficiente pelo organismo.

O médico veterinário indica os principais sinais: “o animal começa apresentar alguns sinais, como tosse, intolerância ao exercício. É um animal que pode apresentar um abdômen cheio de líquido, uma dificuldade respiratória. Será um animal que não se desenvolve da maneira adequada que não acompanha os outros animais do lote.”

Veterinária preventiva

“Quando lida com rebanho é mais difícil de tratar. Será mais uma medicina veterinária preventiva, então tem que ter uma nutrição de qualidade e procedência. Evitar estresse para o animal. Já existem alguns trabalhos que associam o estresse crônico à ocorrência de cardiomiopatia dilatada, de insuficiência cardíaca. A maioria dos animais que já tem essa doença é uma doença progressiva e que não há o que ser feito”. Luiz aponta que normalmente, o suinocultor só terá certeza do diagnóstico após o óbito.

Respeitar os princípios de bem-estar animal, garantindo o manejo adequado é possível evitar essa doença.

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