Cana

SP: colheita mecanizada da cana atinge 95,3% das áreas produtivas

Pesquisadores afirmam que adoção da tecnologia se deu de forma bastante rápida já que, na safra agrícola 2007/2008, o índice era de 41,7%

colheita de cana
Foto: Neide Makiko/ Embrapa Informática Agropecuária

A cana-de-açúcar continua sendo o principal produto da agropecuária paulista. A cultura gerou R$ 30,2 bilhões em 2019, equivalente a 37% de toda a riqueza produzida no estado, aponta a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

A produção está disseminada em todas as regiões de São Paulo. No entanto, as regiões compreendidas no Leste-Sul caracterizadas pelos declives mais acentuados, como Pindamonhangaba, Guaratinguetá e outras, têm produção irrisória, voltada para cachaça de alambiques. Nessas a colheita ainda é realizada da maneira tradicional.

Nas demais regiões, averiguou-se que, para a safra 2018/2019, o índice de mecanização atingiu 95,3% do total de área cultivada com cana-de-açúcar no estado. Carlos Fredo e Denise Caser, pesquisadores do IEA, e Bruna Campagnuci, graduanda de Geografia da Unicamp, destacam o rápido processo de adoção tecnológica do setor, uma vez que, na safra agrícola 2007/2008, o índice de mecanização era de 41,7%.

Com o rápido avanço da mecanização, foram observados impactos sobre a utilização de mão de obra. Na safra 2007/2008, quando a mecanização ainda era parcial no estado, o número de cortadores de cana-de-açúcar era estimado em 163.098 pessoas. Na safra 2018/2019, a estimativa é de 18.477 trabalhadores tenham atuado.

Com pouco mais de 10% dos cortadores ainda em atividade, o mercado de trabalho agrícola sentiu o impacto, na forma de desemprego, aspectos migratórios e também da massa salarial que deixou de circular nos comércios locais. “Houve, logicamente, uma reconfiguração nas ocupações de trabalho, dando-se destaque à figura do tratorista. Mas, resta ainda um contingente de mão de obra com perfil educacional mais baixo, menor capacitação; por outro, novas profissões mais especializadas e maior nível educacional, podem representar um acréscimo de renda nessas novas ocupações”, concluem os pesquisadores.

É importante esclarecer que o índice de mecanização da colheita da cana-de-açúcar não deve ser confundido com o percentual de colheita realizada sem o emprego do fogo, pois a colheita da cana também pode ser realizada manualmente, principalmente em locais de maior declividade. Os dados do Protocolo Agroambiental indicaram que a colheita da cana-de-açúcar sem o emprego do fogo foi de cerca de 99,6% em São Paulo na safra 2018/2019.