Agricultura

Crise de fertilizantes: especialista dá dicas para não desperdiçar

Plataforma de planejamento e monitoramento de aplicações aéreas propõe controle e produtividade, com mitigação de riscos socioambientais

Quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, o Brasil importa mais de 85% desses insumos, estando, portanto, vulnerável às oscilações do mercado internacional.

Entre as culturas que mais demandam o uso desses produtos estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, que somam cerca de 73% do consumo nacional, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Em períodos de incertezas, como o atual, com alta nos preços e risco de desabastecimento, a ordem é racionalizar o uso de fertilizantes, evitando ao máximo o desperdício.

“Uma aplicação bem executada não precisará ser refeita, por isso a assertividade é fundamental nesse momento. No caso da soja, em que essa prática é necessária de quatro a sete vezes por safra, ou do algodão, que pode chegar a 20, a diferença pode ser significativa”, afirma Antonio Loures, especialista em tecnologia de aplicação – um conjunto de práticas que vem ganhando importância expressiva em todos os momentos do ciclo.

Loures é um dos desenvolvedores do SprayPlan©️, sistema inédito de planejamento e monitoramento de aplicações aéreas de agroquímicos, prática amplamente utilizada em lavouras de Norte a Sul do país.

“Onde entra o avião entra o nosso trabalho. O software quantifica e qualifica a operação, planejando e monitorando todo o processo de aplicação. Também mostra para o produtor quanto e onde o produto foi aplicado, auxiliando no gerenciamento do recurso. Entregamos maior controle, produtividade e otimização nas aplicações aéreas de insumos agrícolas”, detalha.

A utilização de configurações não adequadas pode ocasionar prejuízos, como, por exemplo, o desperdício direto de insumos provocado por taxas de aplicação ou largura de faixa incorretas. Da mesma forma, uma menor dosagem na aplicação, comumente, resulta em um controle ineficaz de pragas.

“Por outro lado, a superdosagem resulta em gasto desnecessário de insumos. O produtor, quando nos contrata, sabe que vai receber o que foi combinado”, acrescenta Loures.

O empresário salienta que o sistema amplia a efetividade de cobertura dos produtos agroquímicos de 75% para até 96% da área tratada.

Além do monitoramento, itens como calibração dos equipamentos e condições climáticas são determinantes para uma operação assertiva.

O rastreamento de insumos embarcados e a utilização de áreas backup, visando planos de redirecionamento, podem evitar desperdícios entre 15% e 20%. Além de maior produtividade, a adoção do programa como modelo de planejamento e monitoramento resulta, também, na mitigação de riscos socioambientais, como a deriva.