Agricultura

Feira de vinhos promove troca de experiências entre varejistas e fabricantes

Realizado nos últimos dias no Rio Grande do Sul, evento contou com expositores estrangeiros

Na última semana, o Rio Grande do Sul recebeu a terceira edição de uma das mais importantes feiras de vinhos do mundo. No espaço, expositores de vários países puderam trocar conhecimento e fazer negócios. O setor foi um dos que mais cresceu na pandemia e fez com que os vinhos gaúchos ganhassem destaque em qualidade e sabor.

A edição 2022 da Wine South America foi realizada na cidade de Bento Gonçalves. Por lá, varejistas conheceram as bebidas direto com os fabricantes. A enóloga Juciane Casagrande tem duas décadas de experiência no setor e, motivada pelo crescimento do consumo, decidiu: ao lado de uma sócia, abrirá a própria vinícola.

“Nós viemos em dois anos em um crescimento muito intenso no segmento de vinhos, mas ainda nós falamos de 3 litros per capita. Com certeza, vamos ter aí bons anos pela frente de um crescimento de consumo”, projeta a enóloga e futura empreendedora do ramo de vinhos.

Vinhos em lata

uva na videira
Foto: Lucas Sinigaglia/Embrapa Uva e Vinho

Entre as novidades apresentadas na Wine South America estavam os vinhos e espumantes em lata. Trata-se de segmento surgido em 2017, mas que só agora vem despontando para quem quer consumir em qualquer lugar, conforme explica Rafael Rodrigues, sócio-proprietário de uma vinícola que tem se dedicado a esse nicho.

“Já existe nos Estados Unidos e na Europa, mas no Brasil a gente sentiu que tinha uma resistência e ao mesmo tempo uma oportunidade”, comenta Rodrigues. “Então, a gente testou bastante com as fábricas de lata. No nosso caso é vinho e espumante. Com isso, tem a questão da pressão, passamos bastante pelo laboratório até poder lançar”, explica o empresário.

Versões finas e sem álcool

taça de vinho
Foto: Pixabay

Da itália veio uma versão sem álcool produzida por uma vinícola que tem quase 200 anos. Participando pela primeira vez da Wine South America, o produtor Antônio Romeo destacou que as negociações foram boas. De acordo com ele, os produtos italianos podem ganhar mais espaço no país com taxas de importação mais atrativas.

O brasileiro desenvolveu um maior gosto pelo consumo de vinhos na pandemia, mas não foi só isso. O paladar também ficou mais apurado. Levantamento feito pela União Brasileira De Vitivinicultura (Uvibra) aponta que, em 2021, o consumo dos vinhos considerados finos atingiu 215 milhões de litros, enquanto os de mesa, mais suaves, somaram 205 milhões de garrafas.

“Foi um salto muito gigante frente ao que vinha sendo consumido, mas o mais importante é que o vinho brasileiro entrou na casa do consumidor, a brasilidade veio à tona. O consumidor abriu suas portas, provou e aprovou”, avalia Daniel Panizzi, presidente da Uvibra. “Hoje, a gente vê um conceito, é um trabalho de muitos anos, um trabalho de reconhecimento de terroir, de qual variedade se adapta melhor a cada região e esse reflexo a gente está encontrando dentro da garrafa.”

Balanço da Wine South America

vinho azul
Foto: Pixabay

A feira gerou mais de R$ 20 milhões em negócios, com aproximadamente 7 mil compradores. Segundo a Embrapa, somente na Serra Gaúcha os rosés, tintos, brancos e espumantes movimentam mais de R$ 11 bilhões de reais por ano. Os números foram enaltecidos pela organização da Wine South America deste ano.

“O setor vitivinícola merecia uma feira. Aqui estamos reunindo mais de 350 marcas expositoras de Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Itália e Portugal”, diz Jussara Konrat, gestora da feira. “Em parceria com o Sebrae, trouxemos mais de 100 vinícolas brasileiras, micro e pequenos produtores de vinho do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, da Bahia, de todas as regiões produtoras do país.”