Agricultura

Programa Duas Safras quer aumentar a produção agropecuária em 40% no RS

Para o diretor da Federarroz, Luiz Carlos Machado, o programa irá ajudar na diversificação das culturas, especialmente em regiões arrozeiras

Foi lançado oficialmente na semana passada no Rio Grande do Sul o programa Duas Safras. O objetivo do programa é ampliar em 40% a produção agropecuária gaúcha, o que significaria um impacto no PIB do estado em torno de 7%, representando aproximadamente R$ 31,9 bilhões.

O programa é uma realização conjunta entre Farsul, Senar-RS, Embrapa, ABPA, Fecoagro/RS, Asgav e Federarroz.

A meta do programa 

A primeira fase do programa se estende ao longo de 2022. Serão realizados dez fóruns nos quais as temáticas irão considerar as características de cada região, visando o planejamento da próxima safra.

A expectativa é de que cada edição do fórum receba um público estimado entre 300 e 500 produtores, que funcionarão como multiplicadores do conteúdo apresentado.

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Foto: Roberto Furtado/Sistema Farsul

Atualmente a produção da safra de inverno do estado representa apenas 9% do tamanho da safra de verão, enquanto isso, a pecuária gaúcha vem apresentando desempenho inferior em relação à média brasileira.

Entre 1990 e 2019, a população do rebanho bovino teve queda de 0,5% ao ano, enquanto o país cresceu 1,3% a.a.

Os abates aumentaram 0,9% a.a. frente ao país que teve 3,1%a.a. Em comparação, Rondônia teve aumento médio de 7,6%a.a. do rebanho e 14,1% nos abates no mesmo período.

No caso dos suínos, o Rio Grande do Sul viu seu rebanho crescer, em média, 1,4% a.a., enquanto o Paraná registra alta de 2,3% a.a. e Santa Catarina, 2,9% a.a. Já em relação aos abates, o aumento foi de 5,4% a.a. no território gaúcho, 3,7% a.a. em Santa Catarina e 6% a.a. no Paraná.

Nas aves, o rebanho do Rio Grande do Sul aumentou 2,36% a.a., na região Centro-Oeste, Goiás avança com 6,8% a.a e Mato Grosso, 7,5% a.a. A grande oferta de milho na região favoreceu o crescimento da produção. Isso também influenciou no abate. Enquanto o Rio Grande do Sul aumentou seus números em 2,9%a.a. em média, Mato Grosso registrou elevação de 7,4% a.a. e Goiás 12,2% a.a. Esse cenário está interligado à produção agrícola.

A oferta atual de milho limita a ampliação dos rebanhos e, consequentemente, os abates. Ao mesmo tempo, o estado possui uma área ociosa no inverno que pode ser aproveitada para as culturas de inverno, havendo, portanto, espaço para o aumento de produção nas safras de verão e inverno.

O governador disse que o programa terá todo o apoio do governo do estado, pelo impacto que vai gerar na economia “O programa Duas Safras é uma excelente iniciativa que, além de fomentar o agronegócio, vai movimentar a economia e gerar riqueza para o nosso estado. Com o programa, teremos um incremento na arrecadação, ao lado da geração de emprego e renda”, disse o governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Junior.

Ele ainda defendeu a busca por soluções de problemas recorrentes como o das secas.  afirmando que sempre com aparecimento da estiagem, se tem uma boa safra ninguém lembra. O governador também disse que o estado tem de ver as medidas estruturantes.

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Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

O secretário Domingos Lopes afirmou acreditar no sucesso do Duas Safras por ser um programa necessário para a manutenção das cadeias produtivas.”Quanto ao Duas Safras, não há dúvida, por todos os depoimentos que já escutamos, será um sucesso. Estamos aqui com 90% das cabeças pensantes do setor do agronegócio do Rio Grande do Sul”.

Lopes destacou ainda que está dando andamento aos trabalhos que buscam soluções para a deficiência hídrica no Estado, para ampliação das reservas de água, cuidados do ambiente e da diversidade de produção e união das entidades em torno desses assuntos.

Para o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, o programa Duas Safras é uma iniciativa de todo o estado. “O Rio Grande do Sul é berço da agropecuária do Brasil que mostra a capacidade de abastecer gôndolas do mundo inteiro com preservação do meio ambiente”, disse. Ele lembra que as possibilidades do programa são diversas. “Isso que nem falamos ainda da produção de etanol. Podemos abastecer mundo a fora, além dos animais que também se convertem em alimentação e ainda temos a energia”. Quanto ao futuro, ele lembra do crescimento populacional da China e Índia. “Só eles colocaram, em quatro meses, 70% da população do RS. Se há o medo da falta de cliente, ele está descartado pelos próximos 50 anos”, destacou.

Para o diretor da Federarroz, Luiz Carlos Machado, o programa irá ajudar na diversificação das culturas, especialmente em regiões arrozeiras, aumentando as opções de investimentos. Também reforçou o fato de haver ganho para todos os envolvidos. O presidente da Fecoagro/RS, Paulo Pires, lembrou que por muito tempo a cultura do trigo não apresentava liquidez. “Com a entrada da proteína animal isso começou a ter outro viés. Hoje nós temos liquidez e essa liquidez nos remete a essa ousadia. Nós temos uma oportunidade extraordinária”, comemorou.