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‘Biden deve respeitar mais OMC e FAO, o que é positivo para o Brasil’

De acordo com Benno van der Laan, diretor da Maizall, país pode se beneficiar com eventual eleição do candidato democrata à presidência dos EUA

A provável eleição de candidato democrata Joe Biden à presidência dos Estados Unidos pode ter um viés positivo para o agronegócio brasileiro, diferentemente do que indica a maioria das avaliações até agora. “Comparando com o Trump, Biden vai ser um político mais tradicional, que deve respeitar mais as instituições internacionais, como a OMC [Organização Mundial do Comércio] e FAO [Fundo das Nações Unidas para a Alimentação]”, acredita Benno van der Laan, diretor-executivo da Maizall, entidade internacional que congrega associações de produtores de milho dos EUA, Brasil e Argentina.

Segundo Laan, Biden deve voltar a trabalhar mais com outros países. “Trump é muito protecionista, acho que Biden vai ser mais moderado nesse sentido”, diz. O executivo lembra ainda que, embora a atual relação entre Brasil e EUA seja boa, isso não rendeu grandes vantagens comerciais ao agronegócio brasileiro até o momento.

Em entrevista a Glauber Silveira no programa Canal Rural News, Laan afirmou que estar alinhado à OMC é muito importante, pois a organização impõe regras que dão segurança em disputas comerciais. “Acho que os EUA vão insistir numa reforma da OMC em Genebra, porque, de fato há problemas em sua operação, mas penso que Biden estará mais aberto a trabalhar com outros países”.

Esse alinhamento seria de muito interesse para a área agrícola, diz o executivo, pois a entidade imporia limites na forma como os países podem adotar regulamentações fitossanitárias, por exemplo.

“Há cada vez mais um movimento internacional para confrontar [imposições como as da] União Europeia sobre a redução de limites de resíduos de pesticidas, que muitas vezes são desnecessários”, exemplifica.

Laan acha “muito improvável” que os Estado Unidos sob um eventual governo Biden assuma posições no cenário ambiental global similares às da União Europeia, por exemplo. “Eles [UE] estão preparando uma legislação que vai obrigar os operadores da cadeia de produção do comércio internacional a provar que produtos [como soja e palmitos] não causaram desmatamento’, afirma.

Amazônia

Benno van der Laan, que fica sediado em Washington, afirma que Biden não discutiu muito em sua campanha políticas que poderiam eventualmente afetar o agronegócio brasileiro. Embora admita que o político deva focar a preservação ambiental, o executivo da Maizall relativiza as declarações sobre a Amazônia.

“Ele vai se juntar ao Acordo de Paris de novo, e também está querendo reduzir as emissões de carbono, e acho que o setor agrícola tem um papel nisso.[Portanto] Faz sentido que ele expressa opiniões sobre a Amazônia, mas não sei qual seu conhecimento pessoal sobre o que está acontecendo lá. É mais um posicionamento filosófico”, diz.

China

O executivo da Maizall acredita que a postura dos EUA diante da China deva ser distinta da atual política americana. Mesmo que entre os democratas, partido de Biden, exista a sensação de que o país asiático não respeita as “regras do jogo” do mercado mundial.

“Biden deve ter uma estratégia diferente da de Trump, que era pelo confronto, com tarifas bilaterais. Ele deve procurar aliados internacionais para abordar os problemas com a China. Ainda é cedo para falar, mas deve voltar o jogo do mercado mesmo”, conta Laan.