Economia

‘Para manter área do ano passado, precisamos de 50% a mais de recursos no Plano Safra’

Valor adicional seria necessário em função da inflação dos custos de produção no período, de acordo com economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul

“Não sabemos quais os recursos que serão anunciados [para o Plano Safra], mas temos uma certeza: para manter a área do ano passado, precisamos de mais ou menos 50% a mais de recursos”, afirma o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. Segundo ele, essa correção será necessária porque a inflação do custo de produção no atual período chegou a atingir 53% e agora está em 47%.

“Isso para se igualar à safra passada. Só que eu também tenho um aumento de área, então eu preciso de 50% e mais o que for aumentar em área”, complementa.

Recursos a juros livres e controlados

Outra preocupação do economista é quanto ao tipo de juros que esses recursos terão. “Em 2022, nós já temos mais recursos livres dentro do crédito rural oficial – que é aquele que o produtor pega a 15%, 18%, 20% – do que o controlado, que é aquele em que o governo estabelece os juros”. Segundo ele, é possível que essa proporção aumente ainda mais em favor dos juros livres.

“Não adianta fazer um Plano Safra de R$ 350 bilhões, mas a única coisa que aumenta é o recurso livre. Para isso, eu não preciso do governo: vou ao banco e pego [o financiamento]”.

Juros “reais”

Da Luz afirma ainda que é preciso que a taxa de juros anunciada seja “real”, ou seja, factível de ser aplicada pelos bancos, e que o dinheiro efetivamente chegue às mãos do produtor.

“Não adianta anunciar juro que não se paga, forçando um juro irreal, pois aí os bancos não vão emprestar dinheiro, e então irão liberar ainda mais recurso livre com taxas muito mais altas”.

Ele sustenta que é preferível que sejam oferecidos juros de 9% ou 9,5% ao ano do que seja estabelecido uma taxa de, por exemplo, 8% a.a., mas pela qual os bancos não repassarão recursos.

Seguro rural

O seguro rural é outra das inquietações do representante da Farsul. Segundo ele, nesta safra, o instrumento foi fundamental para a sobrevivência de agricultores do Sul do país que tiveram perdas por intempéries nesta temporada. “Mas o sistema está passando por apuros, então é importante o governo aumentar significativamente os valores para seguro rural”, pontua.