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Precisamos concentrar nossas forças na Ásia, diz Marcos Jank sobre exportações

As oportunidades existentes no mercado internacional foram tema do encontro realizado nesta quinta-feira, 12, pelo Sistema Ocepar, com adidos agrícolas

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Porto de Paranaguá. Foto: Ivan Bueno

As oportunidades existentes no mercado internacional para as cooperativas e para o agronegócio brasileiro foram tema do encontro realizado nesta quinta-feira, 12, pelo Sistema Ocepar. Participaram do encontro os adidos agrícolas do Brasil sediados na China, Japão, Índia, Indonésia e Coreia do Sul.

Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), atualmente, o Brasil conta com 24 representantes agrícolas ativos em 22 países, sendo que Pequim e Bruxelas possuem dois adidos. Uma vaga em Genebra, na Suíça, encontra-se em aberto e deverá ser preenchida ainda este ano.

De acordo com a pasta, eles desempenham missões permanentes de assessoramento junto às representações diplomáticas brasileiras no exterior. Eles têm o papel de identificar oportunidades, desafios e possibilidades de comércio, investimentos e cooperação para o agronegócio brasileiro.

“Estamos dando muito valor a essa ação com os adidos, porque sabemos da potencialidade das cooperativas paranaenses em atender ao mercado externo, bem como da demanda existente lá fora. Juntos, os países representados na live de hoje respondem por 42% da população mundial. Em 2018, o PIB desses países totalizou US$ 23,9 trilhões, ou seja, 28% do PIB mundial”, afirmou  o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

Ásia

Ainda de acordo com o Mapa, a Ásia responde por 41,4% de todas as exportações brasileiras. “Um mercado gigantesco e com potencial de expansão, considerando que é preciso atender as necessidades de consumo de 4,5 bilhões de pessoas. Um caminho de duas mãos: cerca de 1/3 das importações brasileiras chegam da Ásia. As cooperativas do Paraná estão atentas às oportunidades de negócios”, disse Ricken.

“Responsáveis por 60% de toda a produção agrícola do estado, elas [cooperativas] industrializam e exportam para mais de 100 países, principalmente produtos do complexo soja e carnes. Temos qualidade técnica, garantia de rastreabilidade e tecnologia que nos possibilitam atender com excelência o mercado externo. Em 2020, a estimativa é que o agronegócio represente 50% do total exportado pelo Brasil. Isso mostra a assertividade das estratégias comerciais internacionais”.

Cooperativismo 

Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper e coordenador do Centro Insper Agro Global, afirmou, durante sua participação no evento, que um dos maiores desafios em relação à Ásia é o acesso aos mercados. “A demanda é infinita, e para conseguir lidar com isso precisamos desempenhar um trabalho árduo e constante em todos os países. Felizmente, agora com a atuação da ministra Tereza Cristina frente ao agronegócio do Brasil, temos representantes em todos os países mais importantes do continente asiático”, enfatiza Jank.

China

Jank apontou ainda que 2020 deve chegar ao fim com volumes recordes nas exportações, cerca de US$ 100 bilhões, e só a China é responsável por 40% desse total. “Isso é incrível porque, em um ano de pandemia, o Brasil vai conquistar esse patamar, e diversos fatores nos levaram a isso: desvalorização do dólar, que estimulou o produtor; melhorias na logística; e demandas sustentadas”.

De acordo com ele, em 2019, o Brasil exportou US$ 97 bilhões, e a China foi responsável por 33% dessa receita; os países do Sudeste da Asiático, por 7,2%; países do leste do continente, por 4,6%; e a região sul asiática, por 3,4%. “Todos esses países juntos somam um aumento de mais de 20% ou US$ 8 bilhões em receita quando comparamos com o ano de 2019”, informa Marcos Jank.

“O que segurou o agronegócio este ano e que evitou uma recessão em nossa economia foi a demanda da Ásia, principalmente os países emergentes. A geografia do agro mudou, o mercado agora não pertence mais apenas aos Estados Unidos e Europa. É na Ásia que precisamos estar agora, focar nossas forças de mercado e sustentar nossas relações com a China”.

Índia

Dalci Bagolin, adido brasileiro na Índia, disse que apenas 5% da população rural desse país e 18% da população urbana consomem a quantidade recomendada de proteína de boa qualidade. Isso abriria caminhos positivos para o Brasil.

 

“O Brasil pode ser um parceiro comercial no suprimento de proteína, animal ou vegetal, no médio prazo. Frutas, castanhas e matérias-primas para a manufatura, como algodão, couro e madeira, também são mercados de oportunidades ao nosso entendimento”, disse o adido.

Indonésia

Já Gustavo Bracale, representante do Brasil na Indonésia, afirmou que algumas ações já estão em negociações. “Estamos trabalhando para liberar habilitação de novas plantas para exportação de carne bovina, que hoje são 10, abertura para exportação de carnes de aves, e abertura para exportação de farinhas e gorduras de origem animal”.

Japão 

Em 2019, o Japão foi o quinto maior parceiro mundial do Brasil, maior importador de produtos brasileiros e o oitavo maior exportador ao país. “Contudo, alguns fatores são limitantes, como o fato do Brasil ter saído da lista SGP [Sistema Geral de Preferências] e ainda tarifas elevadas, o que impede um crescimento ainda maior dessa parceria”.