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FecoAgro aponta alta dos custos de produção de soja e milho

Segundo a entidade, os custos totais de produção de soja e milho no Rio Grande do Sul devem crescer mais de 30% na safra 2021/22

Os custos totais de produção de soja e milho no Rio Grande do Sul devem crescer mais de 30% na safra 2021/22, mas a relação de troca por insumos para ambas as culturas ainda é extremamente favorável ao produtor, estimou a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro).

A relação de troca para a soja é a melhor das últimas nove safras, enquanto a do milho é a melhor das últimas dez temporadas, segundo a federação. “Mesmo com um custo de produção que está subindo muito, nós temos uma viabilidade econômica das culturas muito boa”, disse o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires.

O aumento do custo total de produção de soja no Rio Grande do Sul foi estimado em 31,78%, para R$ 4.800,76/hectare, considerando uma produtividade de 60 sacas por hectare. Já o custo variável ou operacional, ou desembolso que o produtor tem para plantar a lavoura, sobe 29,98% em 2021/22 no caso da oleaginosa, para R$ 3.098,25/hectare.

O número de sacas para cobrir o custo total de produção da soja gaúcha deve cair 22,53%, para 29,10 (sacas por hectare). E a quantidade de sacas para cobrir o custo operacional da soja diminui 23,58%, para 18,78.

Milho

Para o milho, o custo total de produção no Rio Grande do Sul foi estimado em R$ 6.625,43 por hectare em 2021/22, um aumento de 31,60% ante o ciclo anterior, considerando produtividade de 160/sacas por hectare. O custo operacional cresce 27,36%, para R$ 4.549,94 por hectare.

A produção necessária para cobrir o custo total de milho no Estado é de 75,29 sacas, 35,70% abaixo da safra anterior. Para abarcar o custo variável, serão necessárias 51,70 sacas (-37,77% ante 2020/21).

Conforme economista da entidade, Tarcísio Minetto, a relação de troca do milho está melhor do que a da soja porque o preço do cereal subiu mais do que o da oleaginosa – a cotação do milho em maio do ano passado era de R$ 43/saca, enquanto em maio deste ano a saca do cereal estava na faixa de R$ 90. Isso faz com que o milho, por ora, tenha “vantagem competitiva” em relação à soja na disputa de área da próxima safra de verão, segundo Pires.

De acordo com a Fecoagro-RS, a variação cambial, juntamente com o aumento das cotações internacionais, contribuiu para a elevação dos preços das culturas, mas também ajudou a aumentar os custos. O aumento dos combustíveis e dos preços das máquinas agrícolas também influenciaram no crescimento das despesas, conforme a entidade. Conforme a Fecoagro-RS, a questão do seguro agrícola também é preocupante, sendo o segundo ponto mais caro de uma lavoura, perdendo apenas, em alguns casos, para fertilizantes.

O aumento de custo ainda pode reduzir a expectativa de renda do produtor, mas isso depende de como se comportarão as cotações de agora em diante. “A gente não sabe se o patamar de preços vai permanecer nesse nível que estamos vendo no mercado”, disse o diretor executivo da FecoAgro/RS, Sérgio Feltraco. Por enquanto, segundo ele, os “bons preços” permitem uma rentabilidade positiva. “Os preços pagos por milho e soja aumentaram mais do que os insumos. O que temos que torcer é para que o mercado não caia”, afirmou Minetto. Segundo Pires, se os valores de R$ 88/saca no milho e R$ 165/saca na soja se mantiverem, a torcida dos produtores será por clima favorável na próxima safra.

Trigo

Apesar de o trigo não ter sido abordado na coletiva, a Fecoagro-RS divulgou que o custo total do cereal no Rio Grande do Sul cresce 29,75% na safra 2021, para R$ 4.240,09 por hectare. Já o custo operacional tem incremento de 29,78%, para R$ 3.122,10/hectare.

O número de sacas para cobrir o custo do trigo no Estado em 2021 deve diminuir 19,30%, para 51,71. Já para cobrir o custo operacional, serão necessárias 38,07 sacas (-19,28% ante 2020).