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Geadas: entidades pedem R$ 1 bilhão ao Mapa para restaurar cafezais afetados

Recursos viriam do Funcafé e a ideia é que dinheiro já esteja disponível aos produtores no início da safra do grão, em outubro

Entidades do setor agropecuário apresentaram nesta terça-feira, 3, uma proposta ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) de reservar R$ 1 bilhão para ajudar na recuperação das lavouras de café afetadas pelas geadas dos últimos dias. Os recursos ampliariam a linha de recuperação de cafezais danificados do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A ideia é que o dinheiro esteja disponível para os cafeicultores no início da safra do grão, em outubro. 

A sugestão foi levada à ministra Tereza Cristina, em uma reunião que contou com a presença do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes; do presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro; e do presidente da Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita. 

A quantia representa aproximadamente 20% do total do Funcafé destinado à safra 2021/22. Atualmente, o valor aprovado para a modalidade de recuperação de cafezais é de R$ 160 milhões. Na avaliação do presidente da OCB, o valor atual será insuficiente para todos os produtores com perdas, que podem chegar a 25% da área de produção de café do Brasil. 

“Foi sugerido que se fizesse uma reserva desses valores da ordem de 20% para poder não ter surpresa. Se não, aplica toda esse dinheiro para custeio, aí você precisa fazer uma coisa especial para recuperação de determinada área de café e você não tem fonte, você não tem recurso. Se não utilizar, ótimo, ele volta para o custeio normal e integra o orçamento padrão. O sujeito que foi afetado pela geada ele vai saber que tem uma fonte de recurso que vai atender ele ali na frente”, colocou Márcio Lopes.

Além dessa medida, Lopes sugeriu ao ministério fazer um levantamento detalhado da extensão das áreas afetadas, com utilização de tecnologias como drones e satélites, assim como análises de profissionais nos locais de maior dano. Segundo o presidente da OCB, uma empresa seria contratada e contaria com a ajuda da Companhia de Nacional de Abastecimento (Conab). Além disso, a estatal também chancelaria o levantamento, mas os custos dessa contratação seriam arcados pela Organização das Cooperativas Brasileiras. 

Lopes afirma que a iniciativa de custear a contratação seria possível devido a um convênio entre a OCB e a Conab, o que daria celeridade ao processo. Segundo ele, a proposta já foi debatida internamente entre as cooperativas. Aproximadamente 186 cooperativas ligadas à OCB têm operações com café. 

Levantamento sobre geadas

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Soria, confirmou as conversas, mas disse que a pasta ainda não definiu se haverá o remanejamento para a linha de recuperação de cafezais e nem os valores. Segundo ele, antes de fazer qualquer mudança é necessário ter um levantamento do impacto das geadas. 

“Precisamos ainda de pelo menos uns 30 dias para essas avaliações concluírem e a gente ter uma real dimensão”, disse o secretário. Soria ainda completou: “Temos também a questão de avaliar quanto que os produtores estavam expostos a essas perdas. Alguns foram quase 100% da sua produção, outros 10% ou muito menos”.  Além da espera pelas informações, são esperadas ao menos mais duas geadas entre agosto e setembro. 

Caso o ministério aceite a proposta e o valor de R$ 1 bilhão para a restauração das lavouras, ainda é necessário a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O órgão é que define as políticas de crédito do governo federal. A próxima reunião do conselho está marcada para o dia 26 de agosto.  

*Sob supervisão de Letícia Luvison