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Veja que o governo precisa fazer para normalizar as contratações de crédito rural

Ministério da Agricultura espera que a situação seja normalizada com a aprovação do projeto que promete recompor recursos cortados do orçamento de 2021

Nesta semana, os bancos que operam crédito agrícola com recursos equalizados estão recebendo ofícios do Tesouro Nacional com ordem para suspender novas contratações e financiamentos referentes ao Plano Safra 2020/21. O motivo é o corte realizado no orçamento deste ano para as verbas de subvenção. De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, até que haja a recomposição das verbas canceladas, novas tomadas de crédito estão suspensas.

Para que haja a recomposição, parlamentares precisam aprovar o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN 4/2021). A matéria prevê a recomposição dos R$2,5 bilhões que foram cortados para subvenção de operações do agro e ainda um acréscimo de R$ 1,23 bilhão para a mesma finalidade.

Porém, deputados e senadores ainda não chegaram a um acordo sobre o texto do projeto. Uma sessão do Congresso Nacional chegou a ser aberta nesta terça-feira, 4, mas foi encerrada pela falta de consenso para votação. Na próxima segunda-feira, 10, está agendada uma reunião de líderes do Congresso para discutir o assunto.

Em nota ao Canal Rural, o Ministério da Agricultura “avalia que bastará a aprovação do PLN 4 pelo Congresso Nacional para que se retorne o pagamento da subvenção do Plano Safra – vigente até 30 de junho – das contratações de financiamento rural do 2020/2021”.

Mas, o tom plácido da nota não foi o mesmo expressado pela ministra Tereza Cristina durante audiência na Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados desta quarta. A falta de recomposição também afeta a construção do Plano Safra 2021/22.

“Aproveito aqui a oportunidade, deputado Sérgio Souza, João Vitor (sic), Evair, Pedro Lupion… Peço a ajuda de vocês pra que não se prorrogue muito esse PLN. Ele é fundamental pra que a gente possa bater o martelo e a gente tem um  prazo. Dia 27 temos que mandar para Conselho Monetário Nacional a proposta do Plano Safra, porque ela precisa vigorar a partir do mês de junho. Precisa votar o PLN o mais rapidamente possível, porque isso tem implicações e o ministério da Agricultura, que tem uma grande preocupação com isso.”, expôs a chefe da pasta da Agricultura.

Projeto pode liberar mais recursos para o crédito rural 

O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA 2021), enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional em agosto de 2020, previa repasses de R$1,84 bilhão ao Tesouro para subvenção de operações do Pronaf, R$720 milhões para subvenção de operações de custeio agropecuário e R$ 782 milhões para subvenção de operações de investimento agropecuário.

Porém, o relatório apresentado pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC) em março deste ano, e aprovado pelos parlamentares, definiu o cancelamento de R$1,35 bilhão nos recursos previstos para o Pronaf, R$550 milhões das verbas para custeio e R$600 milhões dos recursos para investimento. Ou seja, dos R$3,3 bilhões calculados pelo governo federal para as subvenções, foram cortados R$2,5 bilhões, quase 75% do orçamento inicial.

Para corrigir essa e outras situações conflituosas do orçamento, ao sancionar o texto, o presidente Jair Bolsonaro fez vetos a diversos pontos elencados pelos parlamentares que somavam R$19 bilhões. O acordo feito entre governo, deputados e senadores é de que este recurso vetado seria lançado de novo ao orçamento da União em novas distribuições por meio de um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN 4/2021).

No PLN 4/2021 está prevista a recomposição dos R$2,5 bilhões que foram cortados para subvenção de operações do agro e ainda um acréscimo de R$ 1,23 bilhão para a mesma finalidade. Porém, não há consenso entre os parlamentares sobre o texto do projeto e, por isso, a matéria ainda não foi votada.

De acordo com o Tesouro Nacional, dos R$72,9 bilhões ofertados no Plano Safra atual que contam com a subvenção do poder público, R$63,5 bilhões já foram utilizados. Com a ordem de suspensão, R$9,4 bilhões estão congelados.

Os bancos que operam recursos agrícolas equalizados são Banco do Brasil, Banrisul, Bancoob, Sicredi, BNDES, BRDE e Cresol Confederação.