Internacional

Sete pessoas são enterradas vivas acusadas de roubo de gado

Três agentes da polícia, um militar e três civis foram enterrados vivos acusados de roubo de gado na província de Maputo, em Moçambique

Sete pessoas, incluindo três policiais e um militar, foram enterradas vivas na sexta-feira (24), acusadas de roubo de gado.

O crime aconteceu no distrito de Muamba, na província de Maputo, em Moçambique.

De acordo com autoridades locais, o caso aconteceu na semana passada.

Em entrevista aos jornais Correio da Manhã e Rádio França Internacional, o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, disse que um criador de gado da região viu duas pessoas tentando roubar bois. Revoltado, ele chamou a população, que espancou os supostos ladrões e os enterraram vivos.

‘Polícia não tem conexão com roubo de gado’

Depois disso, os policiais e o militar também foram para a região investigar o caso, mas foram espancados e enterrados.

“A polícia não tem conexão com o roubo de gado, o que aconteceu foi um crime hediondo”, disse o comandante-geral.

Segundo Bernardino Rafael, a “Justiça feita com as mãos” ganha contornos alarmantes no país.

“Nós queremos trabalhar, mas viramos vítimas da nossa própria comunidade e de quem protegemos. Nós perdemos os nossos colegas e para formar um polícia não é coisa fácil”, lamentou Bernardino Rafael.

Descrédito da população

A organização moçambicana Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) condenou o caso, mas ressaltou que a atitude da população resulta do “descrédito” nas instituições de Justiça moçambicanas.

“É preciso dizer que a ação dos populares, ainda que condenável a todos os níveis, é consequência do descrédito nas instituições”, disse a ONG.

“O CDD compreende a angústia e o sentimento de revolta e frustração dos criadores de gado que somam prejuízos devido ao roubo e não encontram nas instituições da justiça a solução do problema”, acrescentou.

O roubo de gado é um problema frequente do país.