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Milho: como a importação dos EUA beneficia o setor de proteína animal em MT?

Maior produtor nacional de milho, os pecuaristas de Mato Grosso esperam uma pressão menor nas cotações do cereal que é vendido no estado

Em Mato Grosso, o estado que mais produz milho no país, a notícia de sinal verde para a importação do cereal norte americano foi comemorada pelo setor de proteína animal. Para pecuaristas e suinocultores, a medida traz benefícios indiretos. Na avaliação da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), a compra do milho americano por outros estados pode diminuir a pressão pela demanda do cereal produzido no estado, favorecendo a queda nos preços do produto.

“Estamos há dois anos com seca forte, do Sul ao centro oeste do país e esse cenário, juntamente com a demanda internacional pelo grão devido à valorização do dólar e os baixos estoques de passagem fizeram com que o preço do milho disparasse, tornando o nosso custo de produção inviável para suinocultura e avicultura brasileira. Esta atitude do governo federal, de trazer este milho de fora, vai acabar baixando a pressão do milho brasileiro e consequentemente o preço do grão mato-grossense, já que esse cereal que será importado e usado no sul do país, fazendo com que a pressão em Mato Grosso seja menor”, avalia Itamar Canossa, presidente da Acrismat.

Para os pecuaristas do estado que são defensores do livre comércio, a medida de importar o cereal pode trazer motivação no investimento do grão do estado nas próximas safras.

“O impacto direto do milho na bovinocultura não é tão grande quanto nos outros consumidores, como suínos e aves, porque 67% do milho que é produzido no Mato Grosso que não é exportado fica no mercado interno e está indo para as usinas de etanol. Quando tem a necessidade de se importar, quer seja de outros estados ou de outros países, isso há um estímulo para os produtores do estado em aumentar a sua produção, quem sabe fazer duas safras milho. Ou ainda na hora de fazer a segunda safra ele optar mais pelo milho do que outras culturas, pois ele percebe na necessidade de importação, um viés de mercado que ele consegue produzir ao preço mais competitivo que isso”, comenta Francisco Manzi, diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

Mato Grosso deve produzir nesta safra em torno de 32 milhões de toneladas de milho, diferença bem inferior ao que foi colhido no ano passando, onde a produção final alcançou mais de 35 milhões de toneladas. A expectativa este ano era de uma demanda interna pelo cereal em 16,3% puxado pelas usinas de etanol.