Diversos

Setor aponta pandemia como uma das causas da elevação de custos e de preço de alimentos

Em live realizada pela FPA, presidente da entidade esclarece que produtor rural não é responsável pelo aumento do valor dos artigos que chegam à mesa da população

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Sérgio Souza, comandou nesta quinta-feira (4) uma live para discutir o aumento dos custos de produção e o impacto dos alimentos na inflação. Ele abriu o encontro dizendo que o objetivo foi o de reunir entidades ligadas ao agro para mostrar à população que o produtor rural não é responsável pelo aumento dos preços dos alimentos.

“O produtor rural, quando tem aumentos como esses, às vezes pode ganhar, às vezes pode perder. Já aconteceu de comprar insumos caros e, lá na hora de vender a safra, vende a safra barato. E perder”, diz o deputado.

Para Bruno Lucchi, diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o maior responsável pela inflação é a pandemia. Durante os últimos dois anos, a interrupção de muitos processos produtivos provocou um choque na oferta, não só de alimentos e não apenas no Brasil.

“O índice FAO de alimentos, que existe desde 2000, monitora cinco grandes eixos de alimentos no mundo. Em setembro, ele fechou em 130 pontos, o valor mais alto desde 2012, mostrando que o problema de alimentos no mundo hoje ainda é reflexo da Covid. Um problema de abastecimento, de logística, de custo de produção para produzir”, enumera Lucchi.

Setenta e dois por cento dos ingredientes ativos dos defensivos agrícolas são importados, a maior parte, da China. Com as restrições logísticas, o impacto no preço do frete para a importação desses produtos foi imediato.

“O que se observa nestes últimos dois anos é que o frete teve aumento de quatro vezes sobre o seu valor observado no ano passado. E obviamente a gente entende que a alta é explicada por uma condição de fatores, dentre os quais a gente pode destacar o aumento da demanda internacional, especialmente por commodities e a diminuição de rotas para a América do Sul”, afirma a diretora da Croplife Brasil, Andreza Martinez.

Alguns produtos como o glifosato acumularam aumento de até 150%. A Aprosoja Brasil sugere que o produtor brasileiro possa fazer a importação direta de países do Mercosul.

“Sabemos que Paraguai e Argentina estão com grandes volumes lá dentro e normalmente esses produtos que estão com sobrepreço e com essa falta são os produtos genéricos. Você tem 11 que são os que estão tendo mais esse problema. A gente poderia arrumar um jeito de forma emergencial de importação direta desses produtos aqui do Mercosul já que é livre circulação de bens, até para segurar os preço”, propõe o diretor técnico da Aprosoja Brasil, Leonardo Minaré Braúna.

Cristina Zanella, gerente da Abimaq, citou o impacto do aumento dos componentes importados e do câmbio no preço das máquinas agrícolas em 2021. “Agora, aqui na ponta, a inflação oficial está sendo estimada em 10,2%, os custos de produção em 26% e o preço de máquinas, 23%. Isso para explicar por quê tudo está se elevando. Não é o preço da máquina, não é o preço do fertilizante, dos defensivos químicos, dos alimentos , tudo vem na esteira dessa desestruturação internacional e que causou esses fortes impactos nos preços”, diz ela.

Mesmo quem bateu recorde de exportação, com o câmbio favorável, como é o caso da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), foi afetado pelo custo de produção.

Tem muita gente que diz assim: ‘Mas vocês exportam muito, é um setor de US$ 120-140 bilhões por ano’… Mas não é tão simples a conta. Dois anos atrás, a gente exportava para a China a US$ 2.500 dólares o container; hoje sai US$ 10 mil o container. Os custos de energia aumentaram, mão de obra, enfim, é um momento desafiador. Muito desafiador.”, aponta Marcelo Osório, diretor da ABPA.