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'Perdas com hidrovia serão repassadas aos alimentos', prevê analista

"Sem contar vários outros impactos que a gente pode ter, como mais acidentes, mais consumo de combustível e gases poluentes", observa Silvia Fagnani, da ThinkBrasil

Os impactos da crise hídrica não se limitam apenas ao aumento dos custos de energia, e afetam também o transporte de cargas por hidrovias. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), este modal está sendo cada vez mais usado, muito por conta dos custos mais baixos do que o transporte por rodovias e ferrovias.

Só no ano passado, foi registrado uma alta de 80% no transporte por hidrovias. Por conta dos impactos da crise hídrica, houve um aumento na disputa pelo uso das águas do Complexo Hidroviário Tietê-Paraná, o que resultou na paralisação do transporte por hidrovias no complexo na última sexta-feira, 1º.

A sócia da consultoria ThinkBrasil Silvia Fagnani observa que somente a hidrovia Tietê-Paraná transporta por ano 9 bilhões de toneladas de produtos agrícolas. “Com a paralisação que vem ocorrendo desde sexta-feira (27), certamente será preciso transferir toda essa carga para outros modais, principalmente os rodoviários e ferroviários, que são muito mais caros”, afirma a analista.

Fagnani lembra que, segundo cálculos da Agência Nacional de Transportes (ANTT), o transporte por hidrovias chega a ser 60% mais barato do que rodovias e 30% do que ferrovias. “Sem contar vários outros impactos que a gente pode ter, como mais acidentes, mais consumo de combustível e gases poluentes”, observa ela.

O transporte de todas as culturas, mas principalmente o que é feito entre as regiões Sudeste, Centro-oeste e os portos, é afetado, em especial o farelo de soja e milho, de acordo com Fagnani. Ela pontua que as entidades do setor já estão em contato com o Ministério da Infraestrutura (MInfra) para que a hidrovia volte a operar no início de 2022, lembrando que, em 2014, a via ficou paralisada durante vinte meses.

“Existe uma previsão de perda de mais ou menos R$ 6,5 bilhões entre setembro e dezembro com a paralisação das hidrovias. Isto certamente será repassado para os alimentos, com perda de competitividade e inflação”, afirma a especialista.