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Semente leva tecnologia ao campo e aumenta produtividade das lavouras

A Semana da Semente de Soja vai mostrar a produção de sementes em cinco estados; na primeira reportagem, o assunto é cadeia produtiva

Na última década, a produção brasileira de soja praticamente dobrou, passando de 68 milhões de toneladas na temporada 2010/2011, para 135,5 milhões de toneladas na safra passada. Um recorde absoluto.

Embora tenha influência, esse salto não é uma consequência apenas do aumento da área dedicada à oleoginosa (que passou de 23,2 milhões para 38 milhões de hectares), mas principalmente do aumento da produtividade das lavouras, o que só foi possível com tecnologia de ponta.

De 50 sacas há dez anos, o hectare plantado de soja passou a render até 100. Nesse cenário, a semente não é apenas o início de tudo, mas a grande protagonista. Tecnologia, biotecnologia, pesquisa, semente, sementeiros e multiplicadores são a base da cadeia produtiva da soja. 

“São coisas que há dez anos a gente nem imaginava. Isso tem muito a ver com biotecnologia, com genética, com investimentos pesados nessa área genética. Está tudo dentro daquela sementinha que o produtor vai plantar. Ali dentro tem uma tecnologia extraordinária”, afirma Arlei Krüger, presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul.

E isso só foi possível com investimento pesado do setor, que atualmente tem 250 empresas no Brasil. “A semente não é um insumo qualquer, a semente leva tecnologia ao campo”, diz Henrique Menarim, presidente da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas.

Na safra que começa agora, a previsão é de que serão plantados perto de 40 milhões de hectares de soja em todo o país. Aproximadamente 70% dessas lavouras devem ser formadas com sementes certificadas, que foram tratadas e preparadas para resultar numa produção de alta qualidade. 

Paraná

Na região norte do Paraná, apenas uma sementeira produz 32 variedades de semente de soja. São 40 mil toneladas, o suficiente para o plantio de quase um milhão de hectares. Os grãos tratados na empresa são vendidos não apenas para o estado, mas para Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

“A qualidade dentro de uma semente certificada é uma obrigação. E isso é uma função do multiplicador de semente”, explica Leandro Oliveira, gerente executivo da Bela Sementes

A empresa recebe sementes de 55 agricultores da região. Um deles é o Jackson Luiz Kroll, que tem uma lavoura em Tamarana, cidade localizada a 60 quilômetros de Londrina. Dos 500 hectares que vai plantar na próxima safra, 400 serão destinados à produção de sementes. 

“É uma semente de qualidade. E quando a gente vai multiplicar uma variedade que ainda não está no mercado comercial, a gente tem uma responsabilidade ainda maior”, conta o produtor.

Em Carambeí, na região dos Campos Gerais, a cooperativa Frísia selecionou 100 de 900 cooperados para receber os insumos necessários para produção de sementes. “Entre os associados, existem aqueles que fazem o plantio específico para a produção de sementes. Esses associados precisam ter um equipamento adequado, principalmente para a colheita. Uma vez colhida, a semente vai para nossa ubs, que é a unidade de beneficiamento de sementes, gerando uma nova semente para o plantio nas safras seguintes, novamente para os nossos associados. E uma boa parte dela, em torno de 75%, vai para o mercado”, diz Antonio Alberto Gomes da Silva, coordenador comercial de sementes da Frísia. 

Cadeia produtiva

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Semente de Soja (Abrass), Gladir Tomazellia cadeia de multiplicadores de sementes faz um trabalho importantíssimo no desenvolvimento e na implantação das novas tecnologias e cultivares. “Contribui muito para o crescimento da produção agrícola e da produtividade. O setor sementeiro é quem investe em conhecimento, tecnologia. É o elo de ligação entre a pesquisa e os agricultores”, diz.

De acordo com Francisco Krzyzanowski, pesquisador da Embrapa Soja, a atividade agrícola se profissionalizou e na lavoura não há mais espaço para produtos que não sejam de excelência. “Esse é o compromisso que o multiplicador de semente tem com o cliente dele: entregar um produto de qualidade porque o sucesso do agricultor é o sucesso da produção de semente”, afirma.

Semana da Semente de Soja

O plantio de soja já começou em várias regiões do país e o Canal Rural, em uma parceira com a Associação Brasileira dos Produtores de Semente de Soja (Abrass), vai mostrar em cinco reportagens temas importantes do setor que envolve produtor, sementeiro e pesquisa.

A Semana da Semente de Soja vai mostrar a produção de sementes em cinco estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Bahia. Na primeira reportagem, o assunto é cadeia produtiva.