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Chance de La Niña sobe para 50%; veja o que isso significa para o agro

Pryscilla Paiva explica quais são os quatro efeitos climáticos esperados para a próxima safra e como deve ficar o clima em agosto, setembro e outubro

A última atualização do Departamento de Meteorologia da Universidade de Colúmbia nos Estados Unidos, IRI, aumentou de 46% para 50% a chance de La Niña no trimestre dos meses de agosto, setembro, outubro. Meteorologistas da Somar ressaltam que os efeitos do fenômeno podem ser sentidos bem antes da sua configuração, a exemplo do que já está ocorrendo em boa parte do Brasil. 

A atmosfera já responde a esta fase fria do oceano Pacífico Equatorial com a característica dos desvios das frentes frias e massas de ar de origem polar para o oceano. É justamente por isso, que as chuvas e o frio mais intenso têm ficado mais concentrado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sem chance de pegar áreas mais vulneráveis do Paraná, Mato Grosso do Sul e Sudeste. A chance de neutralidade está em 47%, mas não podemos esquecer que é uma neutralidade com um viés negativo.

No geral, o que os meteorologistas interpretam é somando às chances de La Niña com as de neutralidade, temos mais de 90% de chance de ter um trimestre (agosto, setembro e outubro) em uma fase fria do oceano Pacífico Equatorial, mesmo sem configurar completamente o fenômeno. Esta condição, por si só, já traz  quatro efeitos fundamentais no clima da próxima safra de verão:

  1. Regime de chuva favorável para o Matopiba;
  2. Atraso na regularização das pancadas para a instalação da safra 2020/2021 em parte do Sudeste e Centro-Oeste. Muitas cidades de Mato Grosso só devem receber chuvas regulares na segunda metade de outubro;
  3.  Diminuição dos riscos de invernadas na hora da colheita  no início de 2021;
  4. Estiagens regionalizadas no Sul.

Segundo as informações do climatologista da Somar Paulo Etchichury, as águas mais frias do oceano Pacífico Equatorial mudam as chamadas correntes de jato,  intenso escoamento do ar no alto da troposfera. Esses fortes ventos estão presentes em ambos os hemisférios e sopram de oeste para leste. A corrente de jato é extremamente importante para o desenvolvimento de sistemas meteorológicos e o posicionamento das frentes frias que, em anos de Pacífico mais frio, são desviadas e não avançam pelo Sul de forma mais continental.