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Chuva abaixo da média? Veja o que esperar do clima entre dezembro e maio

De acordo com meteorologistas, janeiro será o primeiro mês com chuva dentro do esperado para o Sul, que é castigado pela estiagem

A mais recente previsão da Universidade de Colúmbia para o trimestre dezembro-janeiro-fevereiro indica chuva abaixo da média no Sul e acima da média em boa parte do Norte e Nordeste. As regiões Sudeste e Centro-Oeste receberão precipitação entre a média e abaixo dela, com exceção do Pantanal de Mato Grosso do Sul, que tem maior chance de chuva acima da média.

Além disso, novembro já vem registrando algumas quedas mais acentuadas de temperatura no Sul e Sudeste, algo que prosseguirá nos próximos meses. Por isso, no fim de três meses, a temperatura ficará dentro do normal na maior parte do país. Somente o interior do Rio Grande do Sul e o oeste de Santa Catarina terão um fim de primavera e boa parte do verão com calor acima da média histórica.

A simulação canadense CanSIPS mantém-se mais próxima da realidade. Para novembro, ela prevê chuva acima da média para o Norte e Nordeste, algo que vem se confirmando até o momento pelos dados observados.

Chuva e temperatura mês a mês

Em dezembro, a chuva permanecerá mais intensa do que o normal no centro-norte do país. Pela primeira vez, será possível ver uma conexão entre as frentes frias e a umidade da Amazônia sobre Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e boa parte das regiões Norte e Nordeste, sobretudo na primeira quinzena do mês. Os maiores desvios positivos – de 100 milímetros a mais do que o normal – são previstos no Pará, Rondônia e Amazonas.

Por outro lado, há previsão de chuva abaixo da média na região Sul e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Apesar da precipitação inferior ao normal, o desvio previsto é menor em dezembro quando se compara com os meses anteriores. Boa parte do país terá um mês de dezembro com chuva dentro da média.

O calor será mais intenso do que o normal no Pará, Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul e interior do Rio Grande do Sul. Por outro lado, o abafamento não será extremo no Amazonas, Roraima e Minas Gerais.

Janeiro

Em janeiro, com a presença de um sistema Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) sobre o Nordeste, o eixo de precipitação acima da média migra mais para sul concentrando-se sobre o Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e boa parte da região Centro-Oeste. Na porção norte do país, os maiores desvios positivos de precipitação vão acontecer no Maranhão, Pará e Amapá.

Uma novidade em relação aos meses anteriores é a previsão de chuva próxima da média histórica em janeiro na maior parte da região Sul. “Isso não significa grandes acumulados, já que historicamente é um mês menos chuvoso, de qualquer maneira é chuva dentro do esperado”, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar. A exceção é a fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, com chuva abaixo da média e tendência de uma seca ainda mais severa do que em outras áreas da região.

Fevereiro

Em fevereiro, não há previsão de sistemas meteorológicos organizados sobre a maior parte do Brasil. As pancadas de chuva não serão suficientes para acumular valores próximos do histórico. Por isso, a previsão é de desvios negativos. O maior deles é previsto em Minas Gerais, Goiás e Bahia pela presença do VCAN. Somente na costa norte do Nordeste e na maior parte da região Norte, há previsão de chuva acima da média por conta do sistema chamado de Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), fortalecido pelo fenômeno La Niña.

Março

Em março, no término do período chuvoso do Brasil, a precipitação voltará a ficar mais bem organizada e intensa sobre Santa Catarina, Paraná, São Paulo e região Centro-Oeste. Mas não deve gerar os mesmos acumulados do início do período úmido.

No fim do primeiro trimestre de 2021, o destaque continuará sendo a ZCIT, gerando chuva acima da média sobre a costa norte do Nordeste e em boa parte da região Norte. O escoamento da umidade da Amazônia também vai favorecer chuva acima da média sobre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, o leste do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais vão receber menos chuva que o normal.

Outono

Segundo as simulações estendidas, o outono ainda é uma incógnita. Enquanto a previsão probabilística do IRI indica chuva acima da média para boa parte do país, o outro modelo, o CanSIPS, mostra chuva abaixo da média. Embora o Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês) tenha sido mais otimista que a realidade nesta primavera, ele apresenta uma distribuição mais coerente com o início do outono sob La Niña em enfraquecimento, com chuva ainda acima da média sobre Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste em abril.

Além disso, essa mesma simulação indica aumento das precipitações a partir de maio sobre a região Sul e enfraquecimento da chuva sobre Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, também coerente com o retorno de uma neutralidade climática.

Sobre a temperatura, ela permanecerá próxima da média histórica na maior parte do Brasil. Um dos poucos meses mais quentes será fevereiro, mas com desvios modestos para os padrões do ECMWF, entre 2 °C e 3 °C. Além disso, a partir da segunda quinzena de maio, aparece a primeira onda de frio mais intensa típica do outono no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.