
Encerrado o ano do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp e tivemos um evento onde Roberto Rodrigues fez um encerramento e o vi ser aplaudido de pé pelo seu efetivo, brilhante e genial trabalho na COP30. E pedi para ele nos dizer os principais desafios feitos e o que nos inspirará em 2026.
E ele me disse: “Primeira parte, resultados de 2025 é COP30, porque as 29 COPs anteriores não tratavam de agricultura com a expressão que teve aqui no Brasil, pois a agricultura foi o florão da COP. Nas anteriores era uma coisa terciária, quaternária, ninguém dava bola para a agricultura. Aqui eclodiu por várias razões. Primeiro porque a Embrapa junto com a CNA, OCB e entidades de classe montaram, todos juntos, um Agrizone, que é uma vitrine da tecnologia tropical brasileira sustentável. O mundo todo viu e acreditou que o Brasil pode ser, de fato, o grande patrocinador da cena mundial da transição energética justa, gerando emprego nos países pobres e cuidando do clima. E o que vem pela frente? Um trabalho insano que passa, fundamentalmente, pela tecnologia. O produtor rural em um ano de crise, difícil, custos muito altos, preços baixos, margem muito estreita ou negativa e tem de ter produção alta. Isso é educação, buscar a tecnologia melhor que tem, o melhor fertilizante, defensivo, máquina, manejo integrado à tecnologia para atravessar a crise que vem vindo em 2026/2027. Feito isso, o mundo já viu que nós somos um país tropical de agricultura sustentável, replicável na América Latina, na África Subsaariana, parte da Ásia também e aí, sim, irmos juntos, montar um grande cinturão de tecnologia tropical, Embrapa, gente da Austrália, Nova Zelândia, Índia, Indonésia, Tailândia, países tropicais trocarem entre si toda informação possível para que o máximo da integração transforme a agricultura tropical para o planeta inteiro ter alimento, energia, e emprego no mundo mais pobre. Isso traz paz. Então eu tenho a convicção que a COP30 mostrou ao mundo que o agro tropical brasileiro será protagonista da paz mundial”.
Perguntei também ao Roberto se a proposta feita por ele tem algo tão rico que nos tiraria da polarização, ou seja, uma proposta brilhante para reunir o cinturão tropical do planeta onde tem miséria, fome, pobreza e espaço para crescer e se seria possível fazer. Ele me respondeu: “Eu acho que a COP30 mostrou essa possibilidade com clareza. Gente do mundo inteiro disse: puxa vida, eu não sabia que o Brasil era desse jeito e que replicava na América
Latina, na África, em países pobres. Só que tem duas condições centrais para que isso aconteça, a primeira é ter financiamento, em um país pobre da África não vai incorporar o que nós criamos aqui sem dinheiro. Então tem de ter financiamento dos ricos para que os pobres cresçam e, segundo, tem de ter uma flexibilização na rede de comércio, porque senão o país consegue fazer tudo certinho e não vende porque o protecionismo dos países desenvolvidos não permite. Se mexer no financiamento e protecionismo, o mundo tropical vira
o campeão da paz”.
*José Luiz Tejon é jornalista e publicitário, doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai e mestre em Educação Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie.
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.