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OPINIÃO

Com plano de US$ 125 bilhões, Brasil quer transformar floresta em ativo global

Iniciativa liderada pelo Brasil prevê pagamento anual de até US$ 4 por hectare preservado e quer criar modelo global

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.

O Brasil pretende chegar à COP30, em Belém, com um plano ambicioso de US$ 125 bilhões para valorizar economicamente as florestas tropicais e transformar a conservação em ativo global. O mecanismo, chamado Tropical Forests Forever Facility (TFFF), busca recompensar países tropicais por manterem suas florestas em pé, em vez de apoiar apenas projetos pontuais de carbono.

A proposta foi apresentada oficialmente na COP28, em Dubai, no fim de 2023, e será lançada em grande escala durante a conferência do clima de 2025. O plano prevê US$ 25 bilhões em recursos públicos ou filantrópicos e cerca de US$ 100 bilhões do setor privado. O Brasil já anunciou um aporte inicial de US$ 1 bilhão e trabalha para atrair novos parceiros, estimando até US$ 10 bilhões no primeiro ano de operação.

Quanto dinheiro está na mesa

O TFFF deve pagar cerca de US$ 4 por hectare ao ano de floresta efetivamente conservada, com monitoramento por satélite. Países que desmatarem podem sofrer penalidades severas, que chegam a US$ 400 por hectare destruído. Além disso, 20% dos recursos deverão ir diretamente a povos indígenas e comunidades locais que vivem nas áreas protegidas.

A COP30 será a vitrine global para consolidar o fundo e testar se o Brasil conseguirá liderar um novo modelo de financiamento climático permanente. A proposta representa uma mudança de mentalidade: não se trata de doação, mas de investimento com retorno ambiental e social.

Segundo a Conservação Internacional, o TFFF pode triplicar os recursos anuais destinados à Amazônia, que hoje variam entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões, chegando a até US$ 2 bilhões. O dinheiro poderá financiar proteção florestal, renda local, infraestrutura sustentável e tecnologias de monitoramento ambiental.

O que muda para o agro brasileiro

Para o agronegócio brasileiro, o programa pode abrir oportunidades em regiões de fronteira agrícola, onde produtores poderão integrar-se a arranjos de conservação e serviços ambientais, criando novas fontes de renda e fortalecendo a imagem internacional do setor. Por outro lado, a valorização da terra e o endurecimento das regras ambientais podem exigir maior eficiência e gestão produtiva.

Especialistas destacam que o sucesso do TFFF dependerá de governança transparente, monitoramento eficiente e critérios justos de distribuição dos recursos. Também há dúvidas sobre se o valor de US$ 4 por hectare será suficiente para compensar as pressões econômicas sobre o desmatamento.

Em resumo, a ideia é simples, mas de escala inédita: pagar anualmente por quem preserva a floresta. O plano soma US$ 125 bilhões, com US$ 1 bilhão já garantido pelo Brasil, e promete impacto social direto, ao destinar parte dos recursos a comunidades locais, e impacto econômico, ao abrir espaço para renda verde, novos investimentos e maior pressão por sustentabilidade no agro.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural





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