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OPINIÃO

Lula na ONU vai focar em democracia, soberania, paz, fome, clima e tarifaço de Trump

Presidente abre debate geral com críticas ao governo americano e menções a Gaza e Ucrânia

prédio da ONU em Nova York
Foto: Motion Array

Nesta terça-feira (23), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre oficialmente o Debate Geral da 80ª Assembleia-Geral da Organização das Nação Unidas (ONU), tradição que o Brasil cumpre há décadas. O discurso deve girar em torno dos eixos centrais: defesa da soberania, tarifas, compromisso climáticocombate à fome e agenda de paz.

O pano de fundo inevitável é o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump contra exportações brasileiras, que Lula deve transformar em símbolo de como políticas unilaterais enfraquecem o multilateralismo e encarecem os alimentos no mundo. A mensagem esperada: “soberania não se negocia” e tarifas não podem ser arma de disputa política.

Outro ponto de destaque será o clima. Lula pretende usar a vitrine da ONU para projetar a COP30, que o Brasil sediará em Belém em 2025, como palco de liderança global. O desafio é provar coerência: mostrar metas claras e resultados concretos, sob pena de o discurso soar vazio diante das cobranças internacionais.

No eixo social, o presidente deve vincular a luta contra a fome à necessidade de facilitar o comércio internacional e garantir financiamento climático. A lógica é simples: barreiras e tarifas elevam preços, travam o acesso e penalizam os mais pobres.

Mas é na pauta da paz que Lula também buscará protagonismo. O Brasil deve cobrar um cessar-fogo imediato em Gaza, com foco em ajuda humanitária e reconstrução, além de reforçar a necessidade de negociações de paz na Ucrânia, sustentando a posição histórica de que a guerra não terá vencedores e só o diálogo diplomático pode encerrar o conflito.

Por fim, Lula deve reiterar o pedido de reforma da ONU, especialmente do Conselho de Segurança, para incluir países da América Latina e da África. Trata-se de um discurso de prestígio, que busca colocar o Brasil como protagonista em um mundo em crise.

O risco para Lula é escorregar na retórica anti-EUA sem apresentar propostas práticas. Se conseguir transformar o tarifaço em debate multilateral, vincular clima e fome a comércio e paz, e oferecer pontes críveis para Gaza e Ucrânia, poderá sair de Nova York fortalecido. Caso contrário, a fala será apenas mais uma promessa no palco da ONU.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural





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