Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

OPINIÃO

Navios fantasmas atracam no Brasil com diesel barato, mas cheios de riscos ao agro

Alvos de sanções de Estados Unidos e União Europeia, 36 petroleiros russos já trouxeram combustível ao país desde 2022

navio fantasma Rússia diesel
Foto: Pixabay

Após as sanções impostas à Rússia pelos Estados Unidos, União Europeia e G7, centenas de navios petroleiros passaram a operar de forma irregular. Esses navios velhos, com donos ocultos, mudam de bandeira frequentemente, desligam rastreadores e navegam sem seguro. Essa rede clandestina ficou conhecida como “frota fantasma”.

Segundo investigação da BBC News Brasil, 36 navios da frota fantasma já trouxeram combustível russo para o Brasil desde 2022, representando 17% do diesel importado no período. Como o país não aderiu às sanções internacionais, acabou se tornando um porto seguro para essas embarcações.

O salto das importações

O comércio cresceu de forma explosiva:

  • 2022: cerca de US$ 100 milhões em diesel russo;
  • 2023: US$ 4,5 bilhões;
  • 2024: US$ 5,4 bilhões;
  • Jan–jul/2025: US$ 3,07 bilhões.

Hoje, a Rússia já é o principal fornecedor de diesel ao Brasil, respondendo por mais da metade do consumo importado.

Para o agronegócio, o tema é vital. O diesel é a base do custo logístico da produção brasileira, ou seja, abastece tratores, colheitadeiras, caminhões e secadores de grãos.

O diesel mais barato ajudou a aliviar os custos no campo em anos de juros altos e margens apertadas. Porém, a dependência crescente da Rússia deixa o agro vulnerável: uma mudança brusca na política internacional, ou eventual bloqueio de navios sancionados, poderia disparar os preços e gerar insegurança no abastecimento.

Além disso, se Estados Unidos ou Europa aplicarem sanções secundárias, setores de exportação como soja, carne e café podem ser atingidos, prejudicando diretamente os produtores brasileiros.

Riscos e dilemas

Destaco três principais riscos ao Brasil com a frota fantasma de Vladmir Putin em águas brasileiras:

Ambientais: navios antigos e sem seguro aumentam o risco de acidentes e vazamentos, com potencial de afetar ecossistemas costeiros e até rotas de exportação agrícola.

Diplomáticos: empresas brasileiras envolvidas podem sofrer retaliações em mercados-chave para o agro.

Jurídicos: sem adesão às sanções, autoridades brasileiras alegam não ter base legal para impedir essas operações.

O Brasil enfrenta um dilema: manter o diesel barato que sustenta o agro e a economia, ou assumir os riscos ambientais, diplomáticos e comerciais de se tornar destino da frota fantasma.

Mais do que um debate sobre energia, trata-se de uma questão que atinge o coração da competitividade do agronegócio brasileiro.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural





Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.

Sair da versão mobile