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OPINIÃO

Tarifaço de Trump contra o Brasil é uma das maiores injustiças da história

Ao aprovar derrubada de tarifas contra os produtos brasileiros, Senado dos EUA reforça que medida não tem base legal

Imagem Trump com marreta horizontal
Foto: Imagem produzida com IA

O episódio das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil começa a revelar uma das maiores injustiças comerciais da história recente. A justificativa utilizada pelo governo Trump, baseada no International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), foi agora considerada inconstitucional pela Justiça americana.

O presidente não tinha autoridade legal para impor tarifas de até 50% a um parceiro comercial, sob a alegação genérica de “ameaça à segurança nacional”. A decisão, tem valor educativo, pois mostra como a política comercial pode se transformar em instrumento de retaliação política, violando o próprio Estado de Direito americano.

Ao invocar o IEEPA, de 1977, Trump tentou justificar tarifas emergenciais sobre importações do Brasil, alegando “ameaça incomum e extraordinária à economia americana”. O problema é que, conforme apontou a U.S. Court of International Trade, o estatuto não autoriza tarifas amplas por decreto presidencial. Ele se aplica apenas a embargos específicos de segurança nacional, não a disputas comerciais.

Decisão judicial e o impacto para o Brasil

Na prática, o governo criou uma “emergência imaginária” para aplicar sanções unilaterais. O Congresso americano, por sua vez, não delegou esse poder. Juridicamente, a medida foi além dos poderes, ou seja, fora das competências legais do Executivo.

O tema chegou ao Senado dos EUA, que aprovou resolução bipartidária pedindo o fim das tarifas contra o Brasil. A medida, porém, ainda enfrenta resistência na Câmara dos Representantes, dominada por aliados de Trump. Mesmo assim, o recado é claro: há consenso jurídico de que a punição não se sustenta.

Associated Press e o Washington Post destacaram que os tribunais americanos já reconheceram o abuso de poder. Em outras palavras: a retaliação comercial imposta ao Brasil não foi apenas injusta — foi ilegal.

O mais irônico é que, no momento em que as tarifas foram aplicadas, o Brasil tinha déficit comercial com os Estados Unidos. Ou seja, importava mais produtos americanos do que exportava. Não havia, portanto, ameaça real à economia norte-americana, apenas uma leitura distorcida e politizada do comércio bilateral.

Para o agronegócio brasileiro, as perdas foram significativas. Carnes, café, açúcar e etanol sofreram tarifas de até 50%, reduzindo exportações e pressionando margens num momento de crédito caro e juros altos. O país foi penalizado por produzir e competir, dentro das regras do mercado global.

A decisão americana expõe que as tarifas impostas ao Brasil não tinham base legal nem moral. Foram o reflexo de um populismo econômico disfarçado de patriotismo comercial. Agora, ao reconhecer o erro, os próprios EUA dão uma lição valiosa: nenhuma grande potência pode se dar ao luxo de violar as regras que diz defender.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural





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