Aconteceu em 2020: China está criando suínos em prédios de até 13 andares Paste this at the end of the tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Aconteceu em 2020: China está criando suínos em prédios de até 13 andares

Novo modelo utiliza inteligência artificial no manejo e pode virar referência no enfrentamento de surtos como o da peste suína africana

Porcos olhando para a câmera dentro de um prédio na China
Foto: CCTV

A retomada da suinocultura da China, após ser fortemente impactada pela peste suína africana, tem chamado a atenção pela engenhosidade e tecnologia aplicada pelos asiáticos. Consumidores de cerca de 50 milhões de toneladas de carne suína por ano, os chineses agora lutam para reformular completamente o controle de sanidade na cadeia produtiva para evitar futuros surtos de doenças.

Com o sistema de construção de múltiplos andares agrupados, a granja Guifei tem funcionado de forma constante desde 2017 e apresenta taxa de sobrevivência de 92,1% em todo o processo de produção. Calcula-se que a capacidade de produção da estrutura seja da ordem de 840 mil leitões por ano.

Segundo a própria empresa, durante a crise de peste suína, no ano de 2019, a fazenda conseguiu manter ilesas todas as 30 mil porcas, o que provaria a viabilidade e confiabilidade do negócio. Hoje, o número de animais é de 60 mil.

“Isso torna a Guifei um modelo primordial na criação de porcos em área urbana, com recomendação pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais”, disse a empresa.

Retomada da cadeia suína na China

O objetivo inicial do projeto foi o de criar porcos com competitividade, em um ambiente em que fosse mais fácil prevenir doenças. A empresa informa que está aplicando meios científicos inteligentes para ampliar a cadeia da indústria de suínos e conseguir avanços na qualidade da carne.

Com um provedor exclusivo de serviços digitais, a empresa está na busca pela revolução da integração na cadeia de rações, produção de suínos e abate. A ideia é realizar o gerenciamento de rastreabilidade de todo o processo, desde a reprodução até o abate por meio de inteligência artificial, big data, computação em nuvem e blockchain.

Como funciona a criação dentro do prédio?

Segundo relatos da TV estatal chinesa, os porcos crescem bem em um ambiente limpo e organizado, de acordo com medidas de biossegurança. Em 2019, houve um amplo processo de inseminação e as porcas deram à luz novos reprodutores.

Segundo a empresa, a fazenda vertical “cria condições para uma produção de suínos em grande escala, de forma segura, estável e eficiente. Reduzindo a volatilidade de ofertas de suínos”.

Planejada para ser sustentável, a fazenda chinesa promete reduzir a poluição por gás e sonora, além de reduzir significativamente o impacto da produção de suínos aos moradores da região. A empresa também diz prezar pelo bem-estar animal.

Ajuda da tecnologia

A granja tem um detalhamento rigoroso, que coloca as porcas em estágios diferentes em criatórios separados para garantir uma alimentação e manejo apropriados. As matrizes maiores sofrem mais com o calor e a temperatura pode prejudicar a qualidade da criação.

Na granja, há um controle rígido de temperatura para garantir uma vida confortável para os animais .

Cada animal possui um “cartão exclusivo” que registra as principais informações, como necessidade nutricional e tempo de cio. O cartão tem um QR Code que armazena todas as informações do indivíduo.

Segundo a TV estatal, o modelo é uma exploração “inovadora para alcançar a reestruturação e desenvolvimento do mercado de suínos” e que a intenção original é para que a China se torne em uma potência na criação de suínos.

Impactos no Brasil

Durante a crise da peste suína africana, o Brasil se tornou o maior fornecedor de carne suína para os chineses, o que aqueceu o mercado nacional e fez “explodir” o volume exportado. No entanto, já é esperada a recuperação dos chineses nos próximos meses.

Para o ex-secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura Benedito Rosa, as exportações brasileiras para a China vão sim cair, mas de forma gradual.

“A China, antes da crise causada pela peste africana, contava com 430 milhões de cabeças de suínos; com a doença, 100 milhões de cabeças foram eliminadas. O abastecimento interno é  de uma importância que ainda não sabemos avaliar e, por isso, eles continuarão fazendo um esforço enorme para repor rapidamente esse plantel”, afirma.

De acordo com Benedito Rosa, o plano chinês terá impacto no mercado brasileiro.

“Infelizmente haverá uma diminuição da exportação para a China, não só do Brasil, mas de outras nações também, à medida que  ela vai repondo o seu rebanho. A dúvida é quanto tempo a China leva para repor o estoque. Daí fica o alerta para os nossos suinocultores, pois haverá uma diminuição dessas importações, que ocorrerão de forma lenta e gradual, e não abruptamente”, ressalta.

Sair da versão mobile