Segundo dados da Scot, os oito principais frigoríficos do país concentram 29,4% dos abates. Somente os três primeiros respondem por 25% (JBS com 15,3%; Marfrig, com 7% e Minerva, com 2,7%).
– Analisando os números parece que não há concentração, mas o problema é quando vamos às regiões do país, nas quais, em muitos casos, temos apenas um ou dois compradores – explicou Torres.
Entretanto, o especialista ressaltou que a integração não ocorrerá tão cedo e não será exatamente igual ao sistema de integrados atuais de aves e suínos.
– Não acontecerá nos próximos cinco a seis anos. O grande empecilho é que comprar bezerro hoje é muito caro – disse Torres.
Para ele, é ainda mais “cômodo” para as indústrias deixarem a responsabilidade da cria e da recria dos animais para os pecuaristas e fazerem somente uma parceria no processo de engorda.
– Temos nos adiantado na tecnologia da terminação, mas são poucos os frigoríficos que incentivam a cria – completou.
Há conversas no sentido de “fidelizar” o pecuarista, algo que começa a influenciar o comportamento dos preços no mercado físico.
– Já vemos pecuaristas aceitando contratos de venda e até avisando frigorífico da oferta de bois nos meses seguintes. E a indústria, como Marfrig e Minerva, já promovem incentivos a seus fornecedores – explicou o analista e diretor da Scot.
Carolina Barretto, da área de Comunicação e Relacionamento com Pecuaristas do grupo Marfrig, disse que a empresa tem ampliado esforços para fidelizar seus fornecedores de animais para o abate.
– Temos incentivado essa relação, efetuando pagamentos diferenciados aos produtores e benefícios em parcerias. Conseguimos atingir um retorno de 90% dos pecuaristas em vender novamente para a Marfrig por conta disso – afirmou a executiva.