O Canal Rural inicia a cobertura das eleições de 2022 nesta quinta-feira (26) com uma série especial de entrevistas com representantes de entidades do agro.
O conteúdo tem foco nas pautas prioritárias para o agronegócio, apontadas pelos dirigentes do setor, para os próximos quatro anos. Toda semana, sempre às quintas-feiras, as entrevistas serão exibidas nos telejornais Mercado & Companhia e Rural Notícias.
A estreia da série será com é com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan.
Fertilizantes
Além da falta de fertilizante, quando o insumo chega ao Brasil, o preço é muito caro. E isso onera o produtor, tira renda dele. É uma das nossas preocupações. A Aprosoja até criou uma campanha dizendo para o produtor usar 50% do fertilizante, usar aquilo que já estava retido no solo, porque sempre tem uma sobra. Mesmo assim, a situação é preocupante por causa dos preços. O fertilizante é uma preocupação sim, seja nos próximos quatro anos, seja para neste ano. Toda atividade precisa gerar renda, lucro, para quem a pratica. Seja no comércio, seja na indústria, em qualquer atividade.
Inflação
É uma preocupação, principalmente para aquele assalariado de baixa renda, aquela pessoa que ganha entre um a três salários mínimos, que realmente o alimento básico, nem tem nada de supérfluos que isso pesa na renda familiar. Mas são vários os fatores e não é privilégio do Brasil. Esse preço dos alimentos está nas gôndolas dos supermercados. Está no mundo todo. O próprio combustível subiu demais. Por que? Por causa dessa pandemia, desabastecimento, problemas de seca, problemas de queda de produtividade e de produção.
Tributação
Ainda somos taxados por muitas pessoas que gostam de usar essa narrativa que o produtor rural não paga imposto. Isso não é verdade, pagamos e pagamos muito. Mas, eu quero salientar aqui a todo mundo, porque todo mundo é consumidor de alimentos que todo o imposto que é colocado numa cadeia seja para nós que somos os produtores rurais, seja para a indústria que industrializa os produtos, ou seja lá no comércio onde você vai vender diretamente ao consumidor, esse imposto com certeza vai chegar junto com o produto. É um ledo engano de quem diz que tem que cobrar mais imposto de alguma das cadeias que pode ter certeza que imposto quem paga é o consumidor final. Mas os produtos de alimentação que são os alimentos mais básicos, na minha opinião eles deveriam ser 100% isento que com certeza o consumidor pagaria mais barato.
Segurança alimentar
O mundo veio atrás, inclusive veio aqui no Brasil uma investigadora da OMC dizendo que o Brasil precisa produzir mais alimentos. Agora eu me pergunto como? De que jeito? Se somos barrados de todo o lado. Hoje esses altos custos dos insumos para produzir gera despesas para o produtor e com certeza não gera lucro nenhum e pode até gerar despesa no caso de quem paga arrendo. Aí temos um engessamento ambiental, já somos restritivos ao nível máximo, é o país que mais tem restrição ambiental para você poder usar o seu solo e a sua terra, para poder produzir. Temos restrições impostas inclusive pelas próprias trades que compram os produtos já trabalhando dentro da legalidade, usando o solo novos ou áreas novas. É um dos poucos países que ainda temos território abundante que podemos plantar. Agora a nossa legislação vai ter que ser mudada para a gente conseguir atender a demanda, como bem recentemente essa diretora pediu junto ao nosso governo que se produza mais alimentos para dar uma garantia alimentar para o mundo.
Custo de produção
O Mato Grosso, onde eu moro e onde eu planto, é o maior estado produtor em todos os sentidos, de soja, milho, algodão , milho pipoca, girassol, própria bovinocultura, o maior rebanho bovino. Só temos um custo imenso quando você tem que transportar essa produção. A própria armazenagem a nível de propriedade, se tivéssemos aí alguma forma de financiamento, com pagamento a longo prazo isso já ajudaria a segurar dentro da propriedade onde ele produz, isso já ajudaria a reduzir os custos do próprio transporte no momento da colheita. E depois quando ele vai para a indústria, infelizmente o meio de transporte é o mais caro que existe que é o transporte rodoviário que desgasta tanto as rodovias , onde o preço do combustível onde está encarece muito. Então nós temos que trabalhar outros modais que venham baratear o custo, que venham retirar o produto das regiões produtoras para levar aos centros consumidores ou a própria exportação. Então temos que buscar alternativas de transportes que seria o ferroviário ou o próprio hidroviário para poder chegar ao centro consumidor com menor custo e isso vem fazer ajudar a segurança alimentar abaixando o custo de produção e levando esse produto mais barato à mesa do consumidor.