Direto ao Ponto

Ferrogrão irá criar competição entre ferrovias, diz presidente da Abiove

Com isso, preços do frete devem cair; projeção é que a carga transportada pela ferrovia chegue a 20 milhões de toneladas até 2030 e volume pode mais que dobrar em anos seguintes

O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, disse que a Ferrogrão pode gerar uma competição de ferrovias que “nós não temos”. A declaração foi feita durante o programa Direto ao Ponto deste domingo, 29.      

“É importante a gente ter ferrovias que competem pela mesma originação, vamos falar assim. É isso que não tem hoje. A importância da Ferrogrão está aí. Ela vai gerar uma competição, porque você vai ter duas ferrovias originando soja numa mesma região, só que uma vai levar para o Norte e outra para o Sul”, afirmou o presidente da entidade. 

A ferrovia ainda precisa passar pelo processo de leilão para sair do papel. Pelo projeto, a Ferrogrão se estenderia de Sinop (MT) a Miritituba (PA), com extensão de 933 km, transportando as cargas do centro e do norte de Mato Grosso para o Arco Norte. Hoje, apenas a Ferronorte está em Mato Grosso e a orientação da linha férrea é em direção aos portos mais ao sul, como o de Santos (SP). De acordo com Nassar, essa competição pode baratear ainda mais os preços.

Outra convidada do programa foi  a assessora técnica de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisângela Lopes. A entidade estima que a ferrovia deverá transportar cerca de 20 milhões de toneladas até 2030, podendo mais que dobrar nos anos seguintes.

“Essa projeção pode chegar até 50 milhões de toneladas no fim da concessão, que é daqui a 69 anos. Em cada pernada, os vagões transportam em torno de 16 mil toneladas, ou seja, o equivalente a 400 caminhões. Imagina só a economia que pode ter”, declarou a consultora.

Ela também disse que há ganhos ambientais e de redução do tráfego na BR-163, o que também traria economia na manutenção da rodovia. “O uso intensivo de caminhões faz com que o asfalto se desgaste com uma rapidez maior”.

Além disso, Elisângela Lopes disse que a iniciativa privada tem apostado na infraestrutura por causa do setor agrícola. O aumento da produção, em especial a de grãos, nos últimos anos, nas regiões de fronteira agrícola tem mudado o panorama dos investimentos. Segundo a assessora da CNA, isso “tem aberto os olhos da iniciativa privada”. 

“Só ali em Mato Grosso, a nova fronteira agrícola, a expectativa é que se produza 125 milhões de toneladas de grãos até 2030”. Ela afirma que há perspectiva de crescimento da produção na novíssima fronteira agrícola, o Matopiba, região que compreende áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. 

*Sob supervisão de Letícia Luvison