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Em meio à crise, agro dá bons sinais na economia; veja o que esperar no semestre

Indicadores mostram que o setor tem se saído melhor em meio à pandemia do que os demais. Entenda o que se pode esperar até o fim do ano

O agronegócio dá bons sinais para a economia brasileira. O Canal Rural reuniu três indicadores que mostram que, em meio à crise causada pela pandemia de Covid-19, o setor tem se saído melhor do que os demais. É importante entender o comportamento desses índices para projetar o segundo semestre do setor.

Agro sustentando a economia

O Índice de Atividade Regional do Banco Central para os meses de março e abril, quando o isolamento social se intensificou em várias regiões do país, mostrou que o Centro-Oeste teve o menor impacto no período em termos de atividade econômica. A região é a maior produtora de soja e carne do Brasil. Essas commodities apresentaram um ritmo muito forte de exportações no primeiro semestre, com alguns recordes históricos.

Na comparação anual, o recuo chegou a 1,8% no Centro-Oeste e a 6,2% na comparação mensal. A região Norte teve a segunda menor queda anual, com 4,4%, enquanto que a região Sul teve a pior, com 13,6%.

Índice de Atividade Regional do Banco Central para os meses de março e abril
Gráfico: Banco Central, com elaboração do Canal Rural

O economista da FGV Agro Felippe Serigati analisa que a economia brasileira desacelerou fortemente e que naturalmente o universo agro não está desconectado dessa conjuntura. Mas, quando comparamos o setor com outros, o agro é o que apresentou os melhores resultados, com alguns segmentos até conseguindo crescer.

Serigatti afirma que esse crescimento está concentrado sobretudo nas atividades dentro da porteira, com destaque para a produção de grãos e de café. Porém, essas atividades não estão isoladas e quando olhamos para agroindústria, os segmentos que têm conseguido crescer também são os associados aos produtos alimentícios, notadamente, os de origem vegetal.

Cepea: PIB do agro segue em alta, mas Covid-19 reduz o ritmo

De acordo com cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, realizados em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em abril, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro foi de 0,36%, quarto mês de avanço consecutivo.

Esse foi o menor crescimento mensal registrado no ano. Porém, é importante lembrar que outros setores como indústria e serviços mostraram retração. Com isso, o aumento acumulado no primeiro quadrimestre de 2020 chegou a 3,78%.

Entre os ramos do agronegócio, o agrícola teve uma pequena queda, de 0,19%, em abril e acumula avanço de 1,72% no ano. Já o pecuário cresceu 1,45% no mês e acumula uma grande alta, de 8,01%, em 2020.

Anfavea melhora projeção de vendas de máquinas agrícolas para 2020

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) melhorou em julho a projeção de vendas de máquinas agrícolas em 2020 em quase mil unidades. A previsão agora é de 40,4 mil unidades vendidas no ano, aumento de cerca de 3% em relação a 2019.

Dentre todos os indicadores acompanhados pela entidade como produção, licenciamento, vendas internas e exportações de veículos leves e pesados, máquinas agrícolas e rodoviárias, a projeção para as vendas de máquinas agrícolas foi a única apresentar alta entre janeiro e julho e também é a única com expectativa positiva para este ano.

Expectativa para o setor no segundo semestre

A expectativa de flexibilização do isolamento social nas principais regiões do país, a forte demanda das exportações, sobretudo com destino à China, e o aumento de recursos disponibilizados no Plano Safra 2020/2021, bem como a redução dos juros, são os destaques positivos para o agronegócio brasileiro no segundo semestre.

O principal risco para o setor é a interiorização do coronavírus no Brasil. Essa tendência já foi observada nos últimos dias, porém, ainda não é possível perceber impactos muito grandes em termos de produção.

Portanto, assim como o agro sofreu menos que outros setores durante a crise causada pela pandemia, a probabilidade maior é de que a recuperação nas regiões produtoras também seja mais rápida. A expectativa é de melhoria nas taxas de empregos formais e informais, continuidade do crescimento das exportações e sustentação dos preços das commodities.