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'Câmbio é responsável por recordes históricos no preço do milho'

De acordo com Paulo Molinari, o câmbio elevado tem impulsionado os preços do cereal além dos preços da soja, o que resulta nos patamares recordes que são observados nos portos

A colheita do milho segunda safra está atrasada em relação a média histórica para o período, atingindo 51,6% da área estimada de 13,27 milhões de hectares na sexta-feira, 24, segundo levantamento de Safras & Mercado.

Os trabalhos atingiram 23,5% no Paraná, 10,2% em São Paulo, 28,8% em Mato Grosso do Sul, 42,6% em Goiás, 81,2% em Mato Grosso e 12% em Minas Gerais. No mesmo período do ano passado, a colheita atingia 74% da área estimada de 12,258 milhões de hectares. A média de colheita dos últimos cinco anos para o período é de 52%.

O analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, comentou a respeito do atraso da colheita, assim como as tendências para os negócios com a entrada da nova safra no mercado.

“Precisamos entender que 2019 foi um ano especial e atípico, quando conseguimos plantar a safrinha cedo e colher cedo também. Neste ano, nós plantamos dentro da época tradicional, entre fevereiro e março, portanto, as colheitas são mais tardias do que as do ano passado, esse atraso teórico, só mostra como o ciclo de 2019 foi excepcional, sendo assim, julho e agosto continua como o período tradicional da colheita do milho segunda safra no Brasil, com o Mato Grosso apresentando maior avanço nos trabalhos”, diz o analista.

Segundo o analista, o câmbio elevado tem impulsionado os preços do milho além dos preços da soja, o que resulta nos patamares recordes que são observados nos portos. A lentidão da colheita tem resultado em prêmios altos em Paranaguá e Santos, além de ajudar os preços no mercado interno. “Estes patamares entre R$ 50 e R$ 52 são recordes para uma colheita de safrinha, este movimento de alta durante a colheita não é normal, mas o nível de preço reflete o câmbio elevado”, comenta Paulo.

De acordo com Molinari, estes negócios tem entrega entre agosto e outubro, com pagamentos para setembro na maior parte dos negócios, um bom fluxo para os embarques entre julho e setembro resultado da entrada da safrinha no mercado, porém, o produtor segue reticente nas vendas e escalona sua comercialização, algo que vem sustentando os preços.

Molinari segue preocupado com uma possível retenção exagerada que pode provocar uma contenção no volume de exportações e maiores estoques de milho para 2021

“Temos quase 52% da safrinha brasileira comercializada, um bom acumulado, mas o que precisamos entender é que se alguém vendeu, significa que alguém comprou, sendo assim, o setor consumidor de exportadores pode estar posicionado em estoque também. É uma maturidade do mercado brasileiro avançar nessa comercialização antecipada, mas temos que entender que independente de quanto o produtor vendeu ou deixou de vender, a chave para o mercado interno é o volume de exportações do ano”, afirma Molinari.