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Milho: janela ideal menor não deve inibir 2ª safra; preço seguirá firme

Analista da Safras & Mercado afirma que os estoques dos Estados Unidos, maior produtor mundial do cereal, estão curtos, o que sustenta as cotações no mundo

A safra de verão 2020/2021 atrasou por conta da falta de chuva nas regiões produtoras. Com isso, é esperado que a segunda safra de milho tenha uma janela ideal menor do que em outros anos, o que pode expor as lavouras do cereal a riscos climáticos, como um corte de chuva.

Apesar das dificuldades, o analista da Safras & Mercado Paulo Molinari afirma que produtores provavelmente não vão desistir do cultivo, já que muitos insumos foram vendidos para a safrinha.

Segundo ele, se depender da área plantada, é certo que a produção vai crescer. “Se tivéssemos uma soja plantada no tempo certo, teríamos uma área de safrinha ainda maior”, diz. “Agora vai depender do clima no outono para garantir uma produtividade média regular”, complementa.

Mercado climático e a tendência para o preço do milho

O especialista conta que o mercado não está preocupado com o clima neste momento, de forma que no curto prazo os preços não devem sentir grandes impactos. “Depois do plantio da safrinha, vai-se olhar para o clima e qual o possível impacto, positivo ou negativo, para a produção”, afirma.

A decisão do México de não comprar mais milho transgênico também não deve afetar o produtor brasileiro, pois o grande vendedor do cereal para os mexicanos são os Estados Unidos. “E se o México seguir com isso, certamente terá problemas de abastecimento. Não há milho não transgênico suficiente no mundo. Provavelmente eles vão mudar essa lei e restringir as compras a alguns híbridos a serem aprovados por seu órgão regulador”, diz.

O que deve influenciar os preços do milho por enquanto é o estoque reduzido nos Estados Unidos, principalmente até a entrada da nova safra da China, o que só deve acontecer em outubro. É esperado que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduza os estoques americanos de 39,4 milhões de toneladas para 38 milhões de toneladas, além de aumentar a projeção de exportação para a China.

Se o clima não colaborar com a safra americana, os estoques podem cair ainda mais e levar os preços a patamares ainda maiores do que os atuais.