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Soja chega ao maior patamar em mais de 2 anos em Chicago; veja a tendência

Liones Severo, diretor da SIM Consult, estima que choque mundial de oferta da soja pode durar mais um ou dois anos em virtude do aumento do consumo. 

Os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago voltaram a operar acima de US$ 10,50 por bushel. Considerando o gráfico contínuo do primeiro vencimento, este é o maior patamar em mais de dois anos. De acordo com analistas de mercado, os investidores estão se posicionando para um relatório altista do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) nesta sexta-feira, 9.

O diretor da SIM Consult, Liones Severo, projeta que os preços devem seguir altos por muito tempo. “Deve se manter por muito mais tempo, na verdade. Nós vivemos uma soberana escassez, uma absoluta falta do produto. Tem um choque de oferta, e isso não se construiu agora. Já quando o mercado de consumo avançou sobre a safra brasileira e fez as compras aceleradas que fizeram. Já se percebia que o mundo não tinha a soja que precisava. Isso está acontecendo e continuará até a entrada da safra brasileira”, estima.

Outro ponto que chama atenção é o atraso do plantio no Brasil. “Realmente estamos enfrentando alguma dificuldade. A safra está 20 dias atrasada, mas o Brasil precisa avançar na produção porque o mundo precisa da soja. Está fazendo muita falta a oleaginosa brasileira embarcada no segundo semestre”, afirma Severo.

Liones Severo considera que o choque de oferta pode perdurar por mais um ou dois anos. “É uma reação pós pandemia depois desses lockdowns, que dá uma explosão de consumo. Isso provocou um choque de oferta. Outro conteúdo que está fazendo diferença é a China cumprindo o acordo comercial com os Estados Unidos. A fase 1 foi firmada em 33 bilhões de dólares, a China já comprou 28 bilhões. E se continuar comprando na direção de cumprir todo o acordo, o mundo não tem produto. Vai faltar para outros compradores. Portos americanos estão com esgotamento até novembro, não tem como embarcar. Argentina tem um travamento na parte dos produtores que não querem vender a soja para não receber em pesos com as novas medidas econômicas do governo argentino. Então, estamos vivendo um choque de oferta muito forte, que vai continuar por talvez mais um ou dois anos”, projeta.

Em relação ao relatório do USDA, Severo esboça dados altistas para o mercado de soja em virtude da redução de estoques. “Diante do cenário que se apresenta no mundo, o relatório só pode ser altista. Já houve agora em 30 de setembro redução de estoques importante, que foi a superestimação da safra passada. E isso naturalmente virá neste relatório. Estoque de 12 e alguma coisa para 10. 10 é abaixo da segurança. Abaixo de 10% é estoque de risco. Qualquer fagulha que acontecer na safra sul-americana que corresponde a 55% da safra mundial. Isso vai agravar ainda mais essa escalada de preços”, finaliza.