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Cientista político prevê tensão entre apoiadores de Moro e Bolsonaro 

Fernando Marcato fez uma análise do primeiro ano de mandato do atual governo e traçou uma perspectiva para os próximos anos

O primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro foi marcado por diversas mudanças na política nacional, já que o novo governo chegou com várias promessas voltadas à recuperação da economia, principalmente ao agronegócio. Entre as medidas anunciadas estavam as reformas da Previdência e tributária, assim como a redução da oneração de quem trabalha e produz.

Para falar sobre o ano que chega ao fim e as perspectivas para 2020, conversamos com o cientista político Fernando Marcato, que avaliou o ano como positivo para o setor, mas alerta para o próximo ano, que terá pouco tempo de pautas no Congresso por causa das eleições municipais.

“O andamento da reforma da Previdência foi um ponto muito positivo, pois era uma pauta econômica fundamental que o governo Temer já tinha tentado implementar, mas não conseguiu por causa das instabilidades políticas. Foi uma grande vitória, do governo Bolsonaro e o encaminhamento da reforma tributária será uma segunda vitória, se ocorrer”, disse.

Segundo o especialista, não será fácil a aprovação desta segunda reforma. “A reforma tributária não reforma tributária não é trivial, pois ela interfere em municípios e teremos eleições municipais no ano que vem. Ainda que ela não saia no primeiro semestre, nos parece que ao longo do ano que vem ela será aprovada”.

Enquanto isso, a bancada do agronegócio correu no Congresso para tratar de pautas como a PEC paralela e o Funrural. São temas importantes para o agro, mas que tiveram alguns entraves. “O governo se relaciona de forma diferente com o Congresso, comparando com o que existia no passado. Certamente não foi possível para o governo Bolsonaro tratar de todos os temas. Nos parece que ele vem tentando agradar alguns setores, que são seus setores de apoio, mas é necessário um pouco mais de empenho nessa questão de temas que impactam o agro. É preciso estar vigilante a essas pautas, porque os interesses vão surgindo e o governo nem sempre faz essa mediação”, completou.

Moro x Bolsonaro?

Na visão do analista político, para os próximos anos pode haver uma divisão entre os apoiadores de Jair Bolsonaro e do ministro Sérgio Moro. “A gente pode notar essa questão referente ao público que defende o porte de armas e o endurecimento da legislação penal. Essas pessoas se sentiram traídos com a aprovação do juiz de garantias, tendo o próprio Moro se posicionando contra essa medida. Apesar disso, acredito que teremos um ano de 2020 tranquilo, mas é provável que em 2021 possa continuar essa tensão entre os grupos”, contou.