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Colheita do trigo avança no PR com demanda aquecida pelo cereal

Segundo produtores, tempo seco está ajudando no trabalho de campo e favorecendo a entrega de um trigo com melhor qualidade para a panificação

Os chineses importaram pouco mais de 1 milhão de toneladas de trigo em setembro, o que representa uma alta de 584% na comparação com 2019./ Fatores como demanda aquecida e dólar valorizado proporcionaram um cenário incomum e bastante positivo aos produtores do Paraná que aproveitam o tempo seco para acelerar a colheita.

Marcos Tonon, gestor agrícola da Fazenda Dona Lena, no município de Piraí do Sul (PR) está comemorando os resultados alcançados nesta safra, tanto na produtividade como no valor. “Esse ano, nossas médias alcançadas foram entre 74 e 84 sacas por hectare. Tivemos um índice pluviométrico menor que os outros anos, mas a boa distribuição garantiu essa produtividade. Com os preços praticados, em torno de R$ 1.300 a tonelada, e com bonificação de semente, já que somos produtores de semente para a Cooperativa Castrolanda, obtivemos êxito no trigo, o que nos deixa confortável em dizer que o trigo continua na rotação”, contou.

O trigo é a principal cultura de inverno da Cooperativa Castrolanda, que fica no município de Castro, na região dos Campos Gerais do Paraná. O tempo seco durante a colheita está garantindo trigo de boa qualidade para a panificação, conforme nos contou Rudnei Bogorni, coordenador em Assistência Técnica e Agricultura de Precisão da Castrolanda Cooperativa Agroindustrial.

“Nós crescemos, em 2020, cerca de 12%, em relação à safra passada. Nesta safra, temos cerca de 32 mil hectares de trigo implantado, temos uma previsão de colheita de cerca de 3.800 a 4.000 quilos por hectare de produtividade. Este ano, o clima foi mais delicado, passamos por estresse hídrico, onde acabou impactando um pouco a nossa produtividade. Acredito em 5% a 10% de perda de produtividade. Porém, a qualidade está sendo compensada por esse clima mais seco. Nós estamos tendo trigo, praticamente, todo do tipo 1 com alto PH, o que demonstra qualidade para panificação muito boa. Esse clima seco favorece bastante a qualidade final do trigo”, comentou.

Além da estiagem, as geadas também atingiram algumas lavouras do Paraná na reta final de desenvolvimento. “O desenvolvimento da safra foi um pouco conturbado, houve uma queda de produtividade em relação ao o que se estimava inicialmente. Quando iniciaram as projeções de safra, se espera colher uma produção de 3,49 milhões de toneladas. Nós estamos, agora, nos encaminhando para o final da colheita com 3,32 milhões de toneladas.”, explicou Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).

Cerca de 84% da área plantada de trigo nesta safra já foi colhida e o ritmo está melhor do que nos anos anteriores. Coordenador da Divisão de Estatísticas do Deral da Secretaria de Agricultura do Paraná, Carlos Hugo Godinho explica  qual a expectativa para o fechamento da safra atual. “Esperamos ainda tenha pelo menos 3 milhões de toneladas produzidas no estado. É bem provável que isso ocorra e esse número deverá ser atualizado agora, no final de outubro. A última implicação é  que nós temos do tempo seco, o que dá qualidade aos grãos. O tempo seco favorece que não haja germinação na espiga, fazendo com que possa se alcançar PH mais alto”, finalizou.