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Senar: curso ajuda a inserir jovens no mercado de trabalho do agro

Segundo instrutor da região de Barreiras (BA), mais de um terço dos adolescentes que passam pelo programa conseguem o primeiro emprego

Em 2020, o agronegócio foi um dos poucos setores na contramão da crise. Apesar da pandemia, registrou o melhor resultado na geração de empregos desde 2011, com a criação de quase 62 mil vagas. E uma das portas de entrada para os jovens interessados nesse mercado são os cursos técnicos e profissionalizantes.

O programa Jovem Agricultor do Futuro é um curso criado pelo Senar para a formação de jovens de 14 a 17 anos incompletos e dura nove meses, com quatro horas diárias de aulas pedagógicas e práticas. Nele, os alunos aprendem todas as etapas do processo produtivo.

“O aluno terá trabalhos focados tanto na agricultura quanto na pecuária. Também há a questão da ética e lazer, o trabalho em equipe, ética e cidadania. Com isso, ele vai ter contato com o que vem a ser o mundo do trabalho.”, diz o gerente-técnico do Senar, Jair Kaczinki.

Nos últimos 15 anos, o Senar já formou 36 mil jovens agricultores do futuro. O médico veterinário Axel Hergesel foi um deles. Ele conta que perdeu a mãe quando tinha apenas seis meses de vida e foi criado pela avó em Itapetininga, interior de São Paulo. Com 14 anos, decidiu fazer o curso e mais tarde se formou veterinário. “Eles trabalham bastante essa questão de se preparar. Ajudam a materializar o que você quer de verdade”, afirma.

Em Barreiras, no oeste da Bahia, um dos principais polos agrícolas do país, o sindicato rural, em parceria com o Senar, capacita jovens aprendizes no agro e o índice de inserção no mercado de trabalho é significativo. “De cada 100, pelo menos 35 são contratados nas fazendas ou empresas ligadas ao agro. E grande parte que não é absorvida pelas fazendas acaba ingressando na faculdade”, conta o coordenador do Programa Jovem Aprendiz, Sunny Aron.

Como o Brasil tem e terá por muito tempo ainda a responsabilidade de produzir alimentos para o mundo, os jovens descobriram nesse setor uma série de profissões que orbitam em torno do agro. “Não só para zootecnistas, veterinários, agrônomos, mas para outras profissões como medicina e engenharia. Então, a gente vê ‘N’ profissões hoje indo do urbano para o rural”, fala Kaczinki.

Curso em meio ao “novo normal”

Por causa da pandemia, o Senar foi obrigado a limitar o número de alunos. Neste ano, o curso, que é totalmente grátis, começa no mês que vem, mas quem estiver interessado precisa ser rápido. “É preciso procurar o sindicato rural local e fazer a inscrição sem qualquer custo. Então, quanto mais rápido for lá fazer a inscrição, mais chance de estar nesse programa este ano”, conta Jair Kaczinki

O Axel, que foi aluno, decidiu virar instrutor do programa e é um bom exemplo de futuro para os novos alunos. “Hoje em dia é muito fácil a gente desistir das coisas. Então, muitas vezes a gente precisa ter um exemplo dizendo que veio do mesmo lugar que eles vieram e, mesmo assim, conseguiram. Eu sempre procuro passar tudo isso para eles entenderem que é possível conseguir, independente da condição financeira  ou da classe social”, fala.